Horácio diz para que o candidato a escritor escreva sobre algo que entenda e de que goste. Se fizer assim, a chance de sucesso é maior.

2. "O livro ideal é o que ao mesmo tempo instrui e diverte. O escritor que mistura o útil com o agradável recebe todos os votos."
Perfeito. Muitas vezes, é mais difícil ser agradável, mas, se o texto tiver alguma utilidade, pelo menos o leitor não terá a sensação de tempo perdido ao fechar o livro. Nada mais frustrante do que, depois de 400 páginas, chegar ao ponto final e suspirar: "Por que é que eu ei tanto tempo lendo isso?".

3. "Evitar palavras novas, antiquadas ou sesquipedais."
Sesquipedais são palavras "de um pé e meio". Longas, esquisitas. Como "sesquipedais".

4. "Ser tão breve quanto for permitido pela clareza. Entre direto no assunto."
Muito moderno. Horácio podia escrever um manual de jornalismo no século 1.

5. "Ao escrever poesia, não imagine que emoção é tudo, mesmo sendo verdade que você terá de sentir emoção, se a quiser transmitir ao leitor. Mas a arte não é sentimento, é forma."
É um conselho que toda moça que sofre por amor deveria levar em conta, antes de começar a tecer aqueles seus poemas.

6. "Se escrever drama, deixe que a ação, não as palavras, conte a história e pinte os tipos. Obedeça à unidade de ação, ao tempo e ao lugar. Estude a vida e a filosofia. Sapere aude: ouse saber."
Mais uma vez, Horácio fala aos estudantes de jornalismo, embora esse conselho, ouse saber, sirva para todos os comentaristas de Facebook.

7. "Submeta o trabalho a um crítico de valor. E cuidado com os amigos! Se conseguir fazer tudo isso, deixe o trabalho parado por oito anos. Se depois disso ainda o achar bom, publique-o, mas lembre-se: verba volant, scripta manent."
Verba volant, scripta manent. Vinte séculos se aram para que Horácio fosse citado primeiro por Temer, depois por Dilma. Nem a Antiguidade Clássica está a salvo deles.

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