Entre os municípios examinados, a Capital ficou em último lugar em português e em matemática no 9º ano
São alarmantes em especial os desempenhos em matemática. Em 2023, apenas 16,5% dos avaliados no 9º ano atingiram um patamar de aprendizagem considerado adequado. Em 2019, o percentual era de 18,4%. O quadro se agrava ao final do Ensino Médio. Somente 5,2% chegaram ao fim da Educação Básica com um domínio esperado da matéria para esta etapa. Quatro anos antes, eram 6,9%. São resultados preocupantes tanto em termos de perspectivas profissionais destes jovens quanto em relação às necessidades de desenvolvimento do Brasil diante uma corrida tecnológica global cada vez mais veloz.
O estudo "Aprendizagem na Educação Básica: situação brasileira no pós-pandemia" traz ainda avaliações sobre a situação dos Estados e de 26 capitais e outras 20 cidades com mais de 500 mil habitantes. Os gaúchos ficaram acima da média nacional nas três etapas analisadas. Mas, ao mesmo tempo, se observou piora no desempenho em língua portuguesa e matemática em todas as séries. Isso reforça a relevância de direcionar atenção à recuperação dos prejuízos na assimilação dos conteúdos causados pelo grande tempo de escolas fechadas.
Outra vez salta aos olhos a performance de Porto Alegre. Entre os municípios examinados, a Capital ficou em último lugar em português e em matemática no 9º ano do Ensino Fundamental. No 5º ano escapou da lanterna, mas não das posições constrangedoras. Ficou com a quarta pior posição em língua portuguesa e com a terceira colocação mais baixa em matemática. No 9º ano, apenas 5,1% dos estudantes da Capital tiveram um desempenho considerado adequado em matemática, contra 40,2% de ville (SC), o município mais bem colocado no ranking.
A situação da aprendizagem em Porto Alegre colide frontalmente com a vocação que se busca consolidar de uma cidade que tem na tecnologia e na inovação um novo pilar econômico. Para se trilhar esse caminho, é indispensável formar capital humano mais instruído, capaz de ser inventivo e mais produtivo nas tarefas profissionais. Qualificar o ensino da rede pública, por ter a maior quantidade de alunos, é basilar nesse propósito. A colunista Rosane de Oliveira noticiou na sexta-feira que a prefeitura pretende instituir uma gratificação aos profissionais da educação que estaria vinculada, ao fim, à melhoria dos indicadores educacionais. Trata-se de uma fórmula conhecida e espera-se que, junto a muitas outras iniciativas, ajude a tirar a Capital da posição embaraçosa em que se encontra.