– O Sampaio tinha um traço muito simples, de muita graça e leveza – pontua o cartunista Santiago. – Ele sempre foi uma referência pra mim, tanto que entrei naquele estilo dele de desenhar cenas povoadas.
Neste cartuns, Sampaio antecipou a ideia da série de livros Onde está Wally?, repetindo certos elementos para que fossem encontrados pelo leitor. Entre as marcas registradas estavam um homenzinho urinando de costas, um gato preto e uma samambaia.
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Sampaio trabalhou ainda para os jornais Diário de Notícias, Folha da Tarde e para as TVs Gaúcha e Difusora de Porto Alegre, deixando de lado a pena nos anos 1970. Aposentado do cartum, tornou-se servidor da Justiça Eleitoral, sendo diretor da Subsecretaria do Cadastro Geral de Eleitores.
Para além de marcar época pelos seus desenhos, Sampaio é apontado como um dos grandes incentivadores da profissionalização do cartunista no Rio Grande do Sul. Santiago conta que Sampaio foi o primeiro a se colocar como cartunista profissional e a lutar pela profissionalização da área, o que acabou incentivando outros a fazerem o mesmo.
– Antes dele, ser cartunista era apenas um hobby. Mas é interessante notar que, com a internet, esse ciclo começado pelo Sampaio está terminando e voltamos a trabalhar praticamente de graça – lamenta.
Maria Lucia, filha de Sampaio, chegou a tentar lançar um livro com os trabalhos do cartunista em 2007, mas foi impedida pelo próprio pai. Em um blog, ela reuniu alguns dos trabalhos dele, que podem ser conferidos novamente.
A cerimônia de cremação de Sampaio está marcada para às 19h desta quinta-feira, no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre.