Critério de uso deve ser rigoroso 

Conhecidas há décadas, a cloroquina e a hidroxicloroquina têm uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fins s, como afecções reumáticas e dermatológicas, artrite reumatoide, lúpus eritematoso, problemas de pele provocados ou agravados pela luz solar e malária. 

Testada em estudos muito limitados contra o coronavírus, a hidroxicloroquina pode causar desde eventos adversos leves, como náuseas e problemas gastrointestinais, até mais graves, como arritmias, hepatite medicamentosa e cegueira em pacientes com histórico prévio de retinopatia. Assim, o critério médico para sugerir seu uso, ou mesmo sua associação com outras drogas, deve ser rigoroso.

— É um processo complexo e dinâmico. Não adianta morrer pela cura — diz Rosa.

Conforme observa o médico do HMV, o uso da hidroxicloroquina tem sido heterogêneo: alguns hospitais seguem as recomendações do Ministério da Saúde, enquanto outros buscam individualizar os casos, ponderando riscos e benefícios. Quando houver a decisão pelo uso, o paciente, ou seu representante legal, deve ser informado das possíveis vantagens e desvantagens do tratamento. 

Em nota informativa, o Ministério da Saúde reforça que a automedicação é contraindicada e que a pasta "disponibilizará para uso, a critério médico, o medicamento cloroquina como terapia adjuvante no tratamento de formas graves, em pacientes hospitalizados, sem que outras medidas de e sejam preteridas em seu favor".

No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HA), a hidroxicloroquina está sendo usada em casos em que é a única alternativa para pacientes em estado muito grave. 

— Nesses casos, pode-se lançar mão do uso comivo, que seria usar o fármaco mesmo sem evidências — diz Rafael Selbach Scheffel, coordenador da Comissão de Medicamentos do HA.

O hospital também está definindo os protocolos de implementação da nota informativa do Ministério da Saúde para utilização da substância. Além disso, deve participar do estudo Coalizão Covid Brasil.

No Hospital Nossa Senhora da Conceição, um protocolo para uso da hidroxicloroquina já foi elaborado. Para que a substância comece a ser usada, os médicos aguardam o aval da diretoria da instituição e a entrega do fármaco pelo Ministério da Saúde, explica Marineide Gonçalves de Melo, médica infectologista e preceptora-chefe do programa de residência médica em infectologia do hospital. Ainda que a substância traga esperança para profissionais da saúde e pacientes, Marineide destaca a importância do o anterior ao tratamento: o diagnóstico. 

— Para tratar, precisa saber diagnosticar e, no momento, existe falta de recursos disponíveis para isso. Enquanto não tivermos isso, não saberemos a real dimensão da doença no nosso meio — critica. 

Marineide fala que os testes rápidos prometidos pelo Ministério são um alento, tanto para segurança profissional quanto para o uso de substâncias off-label (quando a indicação não é a descrita na bula). 

Por meio da assessoria de comunicação, o Hospital Mãe de Deus informou que já está utilizando a hidroxicloroquina em determinados pacientes após avaliação individual dos casos.  

“Estamos monitorando ativamente as potenciais interações medicamentosas e efeitos adversos. Os médicos assistentes estão explicando para os familiares os potenciais riscos e benefícios e submetendo termo de consentimento informado específico. Sabemos que as evidências são pouco robustas e dependemos de mais estudos para sabermos ao certo se haverá ou não benefício. A forma de prescrição atual segue as recomendações da Nota Técnica do Ministério da Saúde. A azitromicina também faz parte do protocolo de tratamento”, diz o texto. 


As substâncias 

*Fonte: Regis Goulart Rosa 

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