Tenho acordado com dor de cabeça e, pior, depois disso ela me faz companhia quase que o dia inteiro - isso que eu tomo logo dois comprimidos ao levantar. Até já consultei um neurologista, um médico ótimo que me mandou parar de tomar remédio ao primeiro sinal de desconforto. Bem que tentei, mas sucumbi diante da perspectiva de sentir a cabeça como se todo o trânsito da cidade asse dentro dela, os ônibus atolando nos neurônios que me restam e acelerando para escapar.
Não é enxaqueca, já fiz os exames, é só dor de cabeça mesmo, dessas que acompanham dias turbulentos e noites preocupadas. Parece que um pouco de tranquilidade cura, pena que isso não se compra em farmácia.
Não fosse a entrevista do Roger, hoje treinador do Bahia, o que de mais sensato se ouviu nesse país nos últimos tempos, precisaria de quatro comprimidos para a cabeça parar de doer.
Então alguém disse que a dor podia ser da coluna, difícil achar quem, atualmente, não tenha ao menos um probleminha de postura. É só ver o jeito como as pessoas sentam para ver televisão, para tomar um café, para trabalhar, para caminhar, até para dormir. Estamos todos meio tortos, meio fora do eixo. Isso sem falar das tensões que estouram, onde mais, na coluna. A minha até que não incomoda, uma sensação chata ou outra de vez em quando, nada grave. Mas prestando bem atenção, existe um lado do meu pescoço que é duro como se fosse feito de titânio puro. E se for essa a causa da dor de cabeça? Resolvi a questão do pescoço com um relaxante muscular. E nada da dor de cabeça ar.
Uma amiga sugeriu a ioga. Para desestressar, para tentar um outro tipo de conexão que não a do 4G. Embora faça ginástica quase todos os dias, sei que minhas séries estão desatualizadas, a mesmice maior que o prazer do exercício. Tentei algumas aulas. Adorei. Enquanto os outros viravam de cabeça para baixo e se retorciam como se colocar o calcanhar nos ombros fosse a coisa mais simples do mundo, eu me sentia um boneco de pau sem articulações. Precisaria de muita prática para conseguir uma postura elegante e altiva como a dos meus colegas. Então uma nova mudança de trabalho me levou para longe das aulas, e a dor da frustração se juntou à dor de cabeça que deu origem a essa coluna. A do jornal, não a de vértebras que vêm me sustentando ao longo da vida.
Ainda com a cabeça doendo, e em busca de uma vida sem remédios, como sugeriu meu neurologista, procurei uma psiquiatra. Sorte que ainda tenho plano de saúde, ou nada disso seria possível. Mas ela e eu não nos acertamos. Como todo perturbado, não concordei com as interpretações da doutora, e o pior é que a política entrou no meio das nossas consultas, nossas ideias eram completamente opostas. Sabe quando o santo não bate? Sumi sem mandar sequer um telegrama. Além de não melhorar a dor de cabeça, as consultas ainda me deixavam com dor no coração.
Tenta ficar menos horas na frente do computador, me disseram. Aceitei o conselho e fui assistir à TV. Mas quem aguenta tanta notícia ruim? Não fosse a entrevista do Roger, hoje treinador do Bahia, o que de mais sensato se ouviu nesse país nos últimos tempos, precisaria de quatro comprimidos para a cabeça parar de doer. Para quem quiser um alento, basta ar pelo link bit.ly/tajesentrevista.
E assim, entre um anestésico e outro, a gente vai indo. Falando nisso, alguém tem um remédio para dor de cabeça?
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Quer dar uma força para o cinema nacional? Morto Não Fala, filme do Dennison Ramalho produzido pela Casa de Cinema, precisa de público para seguir em cartaz. Já ganhou prêmio em festivais pelo mundo e é diversão garantida, e bem atuada e bem dirigida. Filme de terror com tempero brasileiro. Vai sem medo que é bom demais.
E embora trazido por pessoas muito próximas, o que poderia caracterizar propaganda nepótica, a maravilhosa Letrux volta a Porto Alegre no dia 22 de outubro, às 20h30min, para apresentar Línguas e Poesias, show onde canta e lê poemas. Eu iria, quer dizer, eu vou. Ingressos no site.