
Ele disse que não foi por mal, coisa do calor da emoção – e de comum acordo. Mas quem vê o beijaço que o presidente da Federação Espanhola de Futebol tascou na Jenni Hermoso, jogadora campeã do mundo, tem lá suas dúvidas sobre o tal comum acordo.
Primeiro que o presidente saliente, Luis Rubiales, segurou a cabeça da guria de um jeito que, nem se ela quisesse, escapava daquela boquinha ardente. Isso depois de um abraçaço de corpo inteiro, desses em que cabe a um dos envolvidos – no caso, à moça – afastar a parte de baixo do próprio corpo para não encostar em órgãos alheios indevidos.
Está no vídeo: primeiro ele apertou a jogadora, depois grudou-lhe um beijo na boca. Ainda dá a impressão de que, na saída, Rubiales só não deu um tapa na bunda da Jenni porque se lembrou – milagrosamente – de que aquilo não era uma parrilla na garagem da casa dele, e sim um evento transmitido para o mundo todo. Mas que o mãozão do dirigente concupiscente pegou no terço final das costas da atleta, pegou.
Consta que a Jenni Hermoso entrou no vestiário reclamando do acontecido. A imprensa repercutiu na hora e, em lugar das imagens dela em um lance do jogo ou segurando a taça, foi a foto da Jenni sendo beijada pelo Calvo da Sangria que correu o mundo.
Isso, é claro, jamais aconteceria com um jogador homem. No máximo dos máximos, ele seria obrigado a usar um manto real bordado de fios de ouro, como o Messi teve que vestir para levantar a taça na Copa do Catar. E a gente já achou o fim da picada.
As reações contrárias à atitude do presidente inconveniente foram imediatas. O ministro do Esporte da Espanha classificou o fato como absurdo. A ministra dos Direitos Sociais perguntou: se fazem isso com toda a Espanha assistindo, o que não farão longe dos nossos olhos">Com creme de leite