
Inspirada em duas personagens de sucesso da teledramaturgia – Carminha, de Avenida Brasil (2012), e Laura, de Celebridade (2003) –, Nathalia Dill está conquistando o público e a crítica como Fabiana em A Dona do Pedaço, novela da faixa das 21h da TV Globo. A imersão na ficção é tanta que ela torceu o pé recentemente e atribuiu o acidente à carga pesada do papel, em entrevista ao site Uol.
Criada por freiras, Fabiana cresce sonhando com a família que não conheceu até que descobre, pela televisão, a sua irmã, Virgínia, interpretada por Paolla Oliveira.
A boa moça é tomada pelo rancor e se transforma na medida em que se aproxima da irmã. Mas a personagem de destaque do horário nobre não é a primeira vilã interpretada por Nathalia.
Em sua estreia na emissora, em 2007, a atriz conquistou o público com a personagem Débora Rios em Malhação. Nesses mais de 10 anos de carreira, vieram outros papéis de antagonistas, mas Fabiana trouxe um novo desafio para a atriz.
– Quando me convidaram, sabia que ela teria uma curva dramática interessante. Foi um dos grandes motivos para eu aceitar – comentou em entrevista à Revista Donna por telefone.
A aceitação do público tem sido positiva. Em uma cena que foi ao ar em junho, na qual atua sozinha durante um ataque de fúria, houve quem alçasse Fabiana ao topo das vilãs da década nas redes sociais. Os noveleiros estão “amando odiá-la”, bem como Nathalia gostaria que acontecesse.

A atriz conta que, mesmo nos papéis de mocinhas, busca contradições para explorar e fugir de estereótipos. Discreta com sua vida pessoal, Nathalia não se furta de se posicionar sobre temas como representatividade feminina ou sobre política e questões sociais.
– O artista consegue colocar luz em questões que ficam obscurecidas pela sociedade. Tento ter parcimônia. Quando estou na novela, o trabalho tem que estar à frente. Mas é difícil não se deixar afetar.
A atriz apoia causas feministas e conta que as novas formas de comunicação contribuíram para que a luta das mulheres se fortalecesse. Ela entende que, por muito tempo, o feminismo sofreu o pior tipo de repressão, a ridicularização, apesar de ainda hoje ser necessário.
Para Nathalia, movimentos como o uso da tag #MeuPrimeiroAssédio ajudaram a levantar reflexões importantes para as mulheres.
Comecei a me questionar e a falar sobre coisas que estavam adormecidas. Quando a gente não fala, não evolui o pensamento.
NATHALIA DILL
Atriz
– Comecei a me questionar e a falar sobre coisas que estavam adormecidas. Quando a gente não fala, não evolui o pensamento.
A seguir, conheça mais sobre o que pensa essa carioca, neta de gaúcho, que curte um friozinho e adora ler – e ainda compartilha dicas de livros para as nossas leitoras.
O público tem se surpreendido com a Fabiana porque parecia que ela não seria tão má assim. Como você recebe essa reação? E fazer vilã, você curte?
Quando me convidaram, sabia que ela teria uma curva dramática interessante. Foi um dos grandes motivos para eu aceitar. Na verdade, isso de separar vilã, heroína e mocinha… Acho que a curva tem que ser interessante. Quanto mais você pesquisa e se desafia, mais o trabalho fica interessante. Não tenho essa divisão “gosto de fazer vilã, gosto de fazer mocinha” ou mesmo “gosto de fazer cinema ou teatro ou televisão”. Para mim é tudo uma coisa só, que eu tenho muito prazer. Busco o desafio que me representa. Meu medo era as pessoas não acreditarem na virada quando eu começasse no convento, de freira. Pensava: “Será que as pessoas vão comprar isso sabendo como ela vai ser no final?”. Fico feliz de causar a surpresa.
Como estão sendo as gravações da novela? E sua relação com nomes como Paolla Oliveira"> Nix, Nathan Hill
(Editora Intrínseca, 672 páginas, 2018)
“Nix é maravilhoso! É um romance, mas trata um pouco da política americana, que é exatamente o que estamos vivendo no Brasil”.
O Que É Lugar de Fala?, Djamila Ribeiro
(Editora Letramento, 96 páginas, 2017)
“O Que É Lugar de Fala? é bem incrível, fiquei apaixonada!”.
Mulheres De Cinzas, Mia Couto
(Editora Companhia Das Letras, 344 páginas, 2015)
“Mulheres de Cinzas é o primeiro livro de uma trilogia que Mia Couto está escrevendo. É muito legal porque nós, que fomos colonizados, nunca nos relacionamos com outros países colonizados. Ele escreve sobre um português que vai para Moçambique no século 19, e a visão dele é muito parecida com a de alguém que estivesse vindo para o Brasil. Me identifiquei, fiquei muito tocada.”