A principal vantagem é ter um diagnóstico rápido, para agir antes que a doença se espalhe, minimizando os danos.
FLÁVIO BELLO FIALHO
Engenheiro agrônomo e pesquisador em modelagem de sistemas da Embrapa Uva e Vinho
O engenheiro agrônomo Alexandre Frozza, extensionista da Emater de Bento Gonçalves, é usuário assíduo da tecnologia. O técnico recorda episódio em que o Uzum foi decisivo para contornar a podridão cinzenta, doença que acomete o vinhedo em períodos de chuva.
– Com o sintoma na folha do parreiral de merlot e cabernet, consegui identificar a tempo, antes que atingisse a floração – lembra Frozza, acrescentando que a ferramenta ajuda a economizar tempo, pois direciona para um grupo de doenças que pode estar causando o problema, limitando as possíveis causas.
Os novos sistemas, que estão sendo desenvolvidos para aplicativos de celulares e tablets, terão capacidade para reconhecer maior número de doenças e pragas. As fotografias disponibilizadas pela ferramenta também serão atualizadas. Atualmente, o Uzum está disponível no site embrapa.br/uva-e-vinho/uzum.
Pensando em reduzir o uso de água na irrigação, o engenheiro mecatrônico Thiago Cruz, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), desenvolve estudo que prevê manejo eficiente a partir da inteligência artificial. Com uma rede de sensores instalados no campo, é possível monitorar em tempo real condições climáticas e irrigar somente quando necessário.
Entre os resultados esperados pelo pesquisador está a diminuição do uso e do desperdício de insumos químicos. Outro efeito positivo é a menor poluição dos recursos hídricos. A tecnologia, tema da tese de doutorado em Engenharia de Biossistemas, pretende viabilizar economicamente o o de agricultores familiares à irrigação. O sistema foi pensado para atender desde pequenos cultivos, como pimentão e rosas, até lavouras maiores, como pastagem para gado de leite, arroz e soja.
– Existem várias formas de inteligência artificial e, em todas elas, a gente se inspira na natureza – explica Cruz, que é mestre em Robótica Bioinspirada.
Segundo o pesquisador, é comum os algoritmos se basearem em comportamentos de formigas, abelhas e peixes, por exemplo.
Entretanto, Cruz ressalta que toda a parte de robótica sempre tenta chegar perto da perfeição humana. Por isso, o sistema também funcionará por meio de redes neurais que imitam a lógica dos neurônios humanos. A pesquisa tem aporte de recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
– Onde tiver dados, é possível aplicar inteligência artificial – enfatiza a engenheira Claudia Bauzer Medeiros, coordenadora-adjunta do Programa Fapesp de Pesquisa em eScience e Data Science.
Doutora em Computação, Claudia ressalta que “a pessoa a olho nu não detecta padrões, mas a inteligência artificial, sim”.