Benefícios na produção e no prato do consumidor
 

A pecuária e a zootecnia de precisão estão a um o da inteligência artificial e podem beneficiar não só o processo de produção como também o consumidor. A ultrassonografia de carcaça, que identifica o rendimento de bovinos, foi incorporada aos dados coletados para ranquear os melhores touros para produção de descendentes com potencial para carne. Assim, criadores terão à disposição o Índice Bioeconômico de Carcaça (IBC), desenvolvido pela Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) com a Embrapa Pecuária Sul. A iniciativa será lançada na Expointer, em Esteio.

– Quando for selecionar o touro, o criador terá estimativa de retorno financeiro – explica a veterinária Fernanda Kuhl, coordenadora técnica do Programa de Melhoramento Bovino (Promebo) da ANC, ressaltando que, até então, o índice era empírico, pois considerava ganho de peso e aspectos visuais, porém sem estudo econômico.

Os testes são feitos com os reprodutores e os filhos que vão para abate.  Já foram identificados animais que podem remunerar até R$ 160 a mais. Isso é possível pelo o a dados sobre a carne que será entregue ao consumidor, como marmoreio, gordura intramuscular que dá maciez à carne. 

– É uma simulação com algoritmos, que buscam combinações para identificar os touros que produzem os melhores resultados – explica o veterinário Fernando Flores Cardoso, pesquisador em genética e melhoramento animal da Embrapa Pecuária Sul.

Pelas características genéticas e de carcaça, é possível mapear quais reprodutores têm mais chance de gerar filhos que, ao serem abatidos, receberão bonificação pela qualidade.  Até então, comenta o zootecnista Jaime Urdapilleta Tarouco, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), não havia conexão entre os programas de melhoramento genético e os de qualidade da carne. 

Carolina Jardine / Divulgação
Lote de 200 touros já foi submetido à exame de ultrassonografia da carcaça na Granja 4 Irmãos

– É o refinamento da informação que chega ao produtor, que hoje tem na mão ferramentas para escolher o animal ideal – destaca Tarouco, especialista em Ciência da Carne.

Criadores de angus e brangus integram o projeto, que poderá ser ampliado para outras raças. As Granjas 4 Irmãos, de Rio Grande, que trabalham com cria, recria e terminação de gado comercial, iniciaram no projeto há cerca de um ano. Dos 3,5 mil bovinos, um lote de 200 animais foi submetido à ultrassonografia da carcaça. 

– Sabendo o quanto vai receber lá no final, o produtor tem uma base de quanto pode investir para ter retorno – avalia o gerente da pecuária de corte das Granjas 4 Irmãos, Anderson Pueblo Soares de Vieira.

 Aplicação na agropecuária 

-  A inteligência artificial consiste no uso de máquinas que têm habilidade de pensar e agir - como um ser humano. 
- O conceito de inteligência artificial requer o aprendizado de máquinas e a mineração de dados – o que exige padrões consistentes.
- Sensores poderão ampliar a percepção do que está ocorrendo no ambiente de produção. 
- Nos EUA, robôs trabalham de forma autônoma na colheita de frutas como morango e maçã. 
- Na Alemanha e na França, robôs movidos por energia solar fazem capina mecânica e, por meio de inteligência artificial, diferenciam o que é uma planta cultivada do que é uma erva daninha pelo formato, cor e posição. 

Eficiência alimentar de bovinos em estudo 

Iniciativa que já está em prática é o teste de eficiência alimentar, que permite acompanhar a quantidade de água e comida ingerida pelo animal. Por meio de cocho eletrônico que envia dados por satélite, instalado na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, a Associação Brasileira de Angus (ABA) avalia animais de diversas propriedades sobre conversão de alimento em ganho de peso.

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Sistema analisa se água e comida ingeridas pelos animais se convertem em ganho de peso

– O sistema estima consumo de alimento e de água, além de quantas visitas o animal faz ao cocho. Queremos identificar os animais que comem menos e convertem mais – detalha o professor da UFRGS Jaime Urdapilleta Tarouco, lembrando que o maior custo do processo de produção de bovinos de corte é a alimentação, que representa entre 50% e 60%. 

O projeto começou em julho, com 19 bovinos de 12 propriedades, e vai até outubro. Os primeiros resultados mostram que o consumo médio é de 23,7 quilos de alimento e 24,7 litros de água por dia. Segundo o veterinário Mateus Pivato, gerente de fomento da ABA, os bovinos com a melhor conversão do consumo alimentar serão conhecidos ao final de um período de 70 dias:  

– A ideia é que a eficiência alimentar se repita a campo – explica sobre o desempenho dos animais confinados para o teste e que depois voltam para as propriedades onde, em geral, são criados no sistema extensivo.

Robótica na produção de leite  

 A pecuária de leite está um o à frente dos demais setores da pecuária no uso de robôs. Na avaliação do pesquisador Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), o setor avançou muito em inteligência artificial. 

– Os robôs serão ainda mais populares nos próximos 10 anos – projeta Martins, ressaltando que o investimento é alto e exige trabalhadores qualificados.

Na avicultura, a tecnologia ainda está em estudo. O sistema poderá auxiliar a prever resultados na produção de carne e de ovos.

– É uma ferramenta de e à decisão para investimentos – explica o veterinário Carlos Tadeu Pippi, professor da faculdade de Veterinária da UFRGS. 

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