
No mês de janeiro, o Fundo registrou 73 milímetros de chuva, volume que representa cerca de 42% da média esperada para o mês, de 174 milímetros, conforme o Climatempo.
O cenário é de atenção para a soja, que vem sofrendo com a falta de chuvas intensas e altas temperaturas desde o início da segunda quinzena de janeiro. Grande parte da cultura encontra-se em fase de floração e enchimento de grãos, período determinante antes da colheita.
— É preocupante. Estamos em um quadro que dependeria de chuva generalizada e um pouco mais de volume, o que não tem ocorrido. Isso prejudica a soja. Se não chover num futuro próximo, a perda pode ser alta em cima da produtividade esperada inicialmente. Na região temos uma média de 3.800 quilos por hectare e esse tempo pode prejudicar o resultado — disse o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar regional de o Fundo, Oriberto Adami.
O milho, por sua vez, está praticamente colhido e não teve grandes perdas, como explica o engenheiro.
— Até dezembro choveu bem aqui na região, por isso que o milho garantiu. Os meses mais críticos para a cultura são outubro, novembro e dezembro — explica.
Outubro registrou chuvas próximas da média, chegando a 218 milímetros de um volume normal de 239. O mês seguinte, em novembro, foi de queda, chovendo 74 milímetros de 160. Já em dezembro, o Fundo contabilizou 218 milímetros de 162.
Adami explica que alguns municípios têm tido níveis de chuva entre 8mm e 15mm, quantidade insuficiente para rever o déficit hídrico que já se instala.
— É muito quente e está muito seco. Essas quantidades não resolvem o problema. Os produtores estão preocupados com o futuro. Aqui (em o Fundo) foi em janeiro que começou o déficit. Mas Santa Rosa, por exemplo, em dezembro já havia dificuldade de chuva. Tem quadros distintos dentro da própria região — pontua.
Conforme o engenheiro agrônomo, outros municípios como Não-Me-Toque, Vila Maria e Marau também estão em alerta pela falta de chuvas. Em Casca, produtores de leite já começaram a sentir queda na produção do alimento.
Previsão para fevereiro
Para o pesquisador e agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo de o Fundo, o momento é de atenção. As projeções para fevereiro são de chuvas ao redor do padrão do clima ou até mesmo abaixo do normal.
— Dependendo de como o clima se comportará em fevereiro, pode acontecer uma perda potencial de rendimento na soja. Com a configuração do evento La Niña e outros indicadores, os indícios são de que as chuvas continuem irregulares e com possibilidade de ficarmos, principalmente aqui no norte do Estado, abaixo do padrão normal do clima — afirma.
Os próximos dias em o Fundo
Segunda-feira (3 de fevereiro)
Mínima de 19ºC e máxima de 30ºC. Sol com algumas nuvens. Não chove.
Terça-feira (4 de fevereiro)
Mínima de 20ºC e máxima de 31ºC. Sol com aumento de nuvens ao longo do dia. À noite ocorrem pancadas de chuva. Volume de chuva previsto: 0,7 milímetros.
Quarta-feira (5 de fevereiro)
Mínima de 21ºC e máxima de 31ºC. Sol com algumas nuvens. Não chove.