
A trégua na chuva e o recuo do Rio Taquari permitem que a prefeitura de Santa Tereza dê seguimento ao levantamento dos prejuízos financeiros após o município ser atingido por uma nova enchente no começo do mês de maio. Conforme a prefeita Gisele Caumo, os cálculos ainda estão sendo feitos, mas a estimativa inicial é de que as perdas em espaços públicos superem as registradas nas cheias de setembro e novembro do ano ado juntas (a soma é de R$ 43 milhões). No domingo (12), o nível das águas voltou a subir, mas não chegou a impactar tanto quanto a ocorrência anterior.
A estimativa da chefe do Executivo se baseia, principalmente, nas perdas no interior do município — uma ponte chegou a ser arrastada pela força de um arroio no dia 30 de abril. Segundo ela, desta vez, há prejuízos significativos na agricultura, especialmente, em parreirais, bem como em estradas que dão o para as comunidades.
— Já desobstruímos grande parte das estradas. Porém, agora, iniciou um trabalho mais complexo, que é o de reestruturação e de alguns locais de reconstrução de estradas. Temos comunidades com alguns trechos que precisarão ser reconstruídos. Isso exige equipes completas de maquinário, caminhões e equipes para a substituição de tubulações — sinaliza Gisele.

Ela exemplifica que há danos em comunidades como Linha Santa Tecla, Capanema, Soares, São José, Pederneira, Linha José Júlio, Graciema Alta e Linha Nova Esperança. Nas estradas, pontos de deslizamento são os principais problemas.
— Também temos a Estrada da Linha Bento, que liga as comunidades de São Valentim e da Dolorata. Parte do trecho foi totalmente perdido. Essa estrada deverá ser reconstruída e é um problema sério: embaixo dela temos o túnel da linha Férrea e, do lado de cima, temos edificações, o que complica muito. Então, de uma forma ou outra, embora tenham comunidades que in loco não tenham sido atingidas, os os que ligam as mesmas foram danificados — ressalta a prefeita.
"Setembro ensinou muito a todos nós"
Santa Tereza vivenciou a quarta cheia do Rio Taquari em um intervalo de oito meses. Em setembro de 2023, a enchente atingiu 80% da cidade, danificando 283 imóveis residenciais, comerciais, comunitários e públicos. Em novembro, o nível da água voltou a subir após a chuvarada, com impacto avaliado em R$ 16 milhões. Em nenhuma das ocorrências, houve perda de vidas humanas.
Para Gisele Caumo, a enchente de setembro deixou aprendizados para o enfrentamento deste tipo de situação. A priorização de informações oficiais sobre o clima e o convencimento das famílias a saírem de áreas de risco foram estratégias adotadas com prioridade desta vez.
— Eu acredito que setembro ensinou muito a todos nós, tanto ao público quanto ao privado. As perdas registradas, que foram bastante substanciais, principalmente no que condiz às edificações, mostraram que a gente deve agir com precaução. Além disso, temos um plano de contingência que começou a ser elaborado após os eventos de setembro e de novembro — diz Gisele.
Ela conta que logo que iniciaram os alertas para o alto volume de chuva entre o fim de abril e o começo de maio deste ano, a população começou a ser alertada e removida das moradias.
— Nós conseguimos fazer a retirada das famílias, bem como da grande maioria dos seus pertences, com minuciosidade — explica.
Caminhões foram contratados para levar a mobília dos moradores até o ginásio de uma escola estadual, diminuindo, portanto, a perda financeira das famílias. Segundo Gisele, no momento mais delicado dos últimos dias, com risco de rompimento da Barragem 14 de Julho, quase 950 pessoas estavam desalojadas em Santa Tereza e 40 buscaram abrigo em um salão comunitário do município.