
Produtores rurais de comunidades de Antônio Prado, Farroupilha, Garibaldi e Bento Gonçalves podem, agora, contar com dados climáticos detalhados para melhorar o planejamento da safra e ter uma maior prevenção contra doenças que prejudicam as plantas. O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), em parceria com o Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS) instalou, em março, quatro estações meteorológicas na Serra. Cada uma das estações cobre um raio de 50 quilômetros, com o agricultor tendo o a todas informações a partir de uma plataforma digital.
As estações foram instaladas nas comunidades de Capela Caravaggio e Linha Almeida (em Antônio Prado), Nova Milano e Linha Boêmios (em Farroupilha), São Roque Figueira de Melo (em Garibaldi) e Distrito de Tuiuty (em Bento Gonçalves). Como explica o diretor executivo do Consevitis, Eduardo Piaia, o sistema está em fase de testes. A expectativa é de que os agricultores já possam usar as informações do equipamento para a próxima safra.
— Como ele tem o foco da uva, ainda estamos num período de dormência (da planta). Então, não está na fase de utilização ainda, mas em breve vai estar disponível — conta Piaia.
O presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebellatto, explica que a plataforma terá uma utilidade ampla para os agricultores. Ela poderá ser usada até mesmo para comprovação de estragos em pedidos de seguro.
— Com essas informações, os técnicos, em conjunto com os agricultores, poderão avaliar, por exemplo, o momento mais adequado para plantio de mudas, manejo da poda, tratamento de doenças, irrigação e colheita. O sistema também pode fazer prevenção de eventos climáticos como geada e comprovação de sinistros climáticos no acionamento do seguro — lista Rebellatto.
Implantação de sistema de alertas
A plataforma deve gerar economia de recursos e tempo para os agricultores. Para finalizar os testes, falta a implantação de um sistema de alertas contra doenças. Os dados serão colocados no Observatório Vitivinícola, do Consevitis, junto com as informações climáticas. Coordenador do Simagro, o meteorologista Flavio Varone explica que o levantamento fará parte do Alerta Videiras. O programa terá previsões sobre o risco de ocorrência de doenças nas videiras.
— As estações servem para o monitoramento constante de diferentes variáveis. Dessa forma, o produtor pode controlar a condição atual que está predominando na região e, com isso, tomar a melhor decisão dentro da propriedade. Os equipamentos também servem para a melhoria das previsões da região. Todos os dados das estações serão incorporados ao modelo meteorológico utilizado para fazer a previsão da possibilidade de ocorrência de doenças no futuro, como por exemplo o míldio, uma espécie de mofo que ataca as videiras — explica Varone.

Otimismo no sistema
Alguns dos agricultores que têm o ao sistema aprovam a plataforma. O casal de produtores Itamar e Marizete Panzer, 48 e 42 anos, contam que já utilizam, ainda em teste, os dados disponíveis do clima. Uma das estações foi instalada na propriedade deles em Garibaldi. Além da previsão do tempo, são informações como umidade de ar, radiação solar, horas de frio acumuladas. É uma nova forma de planejamento da safra e, especialmente, de prevenção de doenças.
— Quando chegar a hora de ar os insumos agrícolas nos terrais é que vamos conseguir ver bem melhor os efeitos — acredita Marizete.
Por enquanto, as ações tomadas são mais para curto prazo. Mas, com o estabelecimento do sistema, a produtora acredita que o planejamento das safras terá este importante acréscimo. Antes, as percepções eram mais colhidas com o contato com a planta e informações externas.
— A gente escuta bastante a previsão do tempo, os técnicos, porque a gente também tem assistência técnica. Entregamos a nossa folheta, a nossa uva, para eles analisarem — descreve Marizete.