
O ano de 2025 começou violento no trânsito gaúcho. No caso mais recente, cinco pessoas morreram em uma colisão entre um caminhão de bombeiros e um veículo de eio no km 11 da Rota do Sol, em Itati, na manhã do último domingo (26). Na Serra, de acordo com levantamento do Pioneiro, janeiro registrou até agora 11 mortes em decorrência de acidentes.
Em Caxias do Sul, para efeito de comparação, em todo o ano de 2024, a Delegacia de Trânsito instaurou 50 casos para apurar óbitos relacionados às ocorrências em rodovias e ruas da cidade. O ano ado foi o segundo consecutivo em que as investigações em consequência de mortes no trânsito cresceram na maior cidade da região. Conforme dados da delegacia, em 2023 foram 46 casos, 11 a mais que em 2022 (confira abaixo o levantamento desde 2019).
Para o delegado Caio Márcio Fernandes, titular da DP de trânsito, os acidentes como um todo estão crescendo na cidade. Segundo ele, é necessário que haja uma conscientização por parte da população, principalmente no respeito aos semáforos.
Fernandes explica que as investigações de mortes de trânsito são complexas por diversas questões. Uma delas são os levantamentos de dados do próprio acidente em que, além dos relatos dos envolvidos que sobreviveram e testemunhas, são buscadas imagens de câmeras de monitoramento.
— Em muitos acidentes as pessoas acabam não falecendo no local, mas acabam, após alguns dias de internação, não resistindo aos ferimentos. Aquela ocorrência policial que havia sido registrada inicialmente como lesão corporal culposa, acrescentamos uma ocorrência de morte e transformamos em uma categorização de inquérito que denominamos como homicídio culposo de trânsito. A partir disso, ao final de uma longa coleta de elementos informativos, identificaremos se houve ou não um homicídio. Nos acidentes de trânsito, nem sempre em que há uma morte, há um homicídio — explica o delegado, sobre as investigações.
Rodovias estaduais lideram a lista
Das 50 mortes em Caxias do Sul em 2024, 13 ocorreram na RS-122 e sete na RS-453, conforme a delegacia de trânsito. O 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (3º BRBM), responsável pela fiscalização nas duas estradas, tem intensificado ações em ambas as rodovias.
De acordo com o capitão Melk de Lima de Almeida, comandante da 1ª Cia do 3º BRBM, o policiamento recebe apoio de motocicletas vindas de Porto Alegre e que atuam, principalmente, no o oeste à cidade.
No último ano, houve um incremento de ações entre os kms 0 e 5 da RS-453, que compreende o viaduto torto até o cruzamento com a Rua Cremona, e dos km 141, no perímetro urbano da Rota do Sol, ao 171, na divisa com São Francisco de Paula.
— Fizemos no ano ado um estudo técnico e iniciamos a fiscalização por meio do radar portátil. Observamos que do km 0 ao 5 tivemos redução de quase 70% de ocorrências com morte, comparando com 2023, quando tivemos três registros de sinistros de trânsito com morte. No ano ado, foi um registro — afirma o capitão, com base nos dados do CRBM.
Na RS-122, no trecho entre os kms 64 e 88, conforme o capitão do 3º BRBM, há conversas rotineiras com a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que istra a totalidade da rodovia, para um aumento nas sinalizações. Além disso, são feitas operações periódicas específicas com foco em evitar o excesso de velocidade e a combinação de álcool e volante.
Além disso, o comandante da 1ª Cia do 3º BRBM diz que há um reforço recente no km 149 da RS-453 (Rota do Sol), uma vez que foi percebido aumento no número de acidentes com lesões corporais entre o final de 2024 e o início de 2025. Neste ponto, próximo da empresa Acrylis, está sendo feita uma análise para a implantação de um controlador de velocidade.
Na BR-116, perímetro urbano preocupa
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atua na cidade em um trecho de 44 quilômetros, que compreende o trecho desde a ponte sobre o Rio São Marcos, no km 130, até o km 174, na ponte sobre o Rio Caí, na divisa com Nova Petrópolis. No entanto, conforme o chefe da PRF na cidade, Jonatas Josué Nery, somente são contabilizados pela equipe casos de morte no trânsito quando o óbito é confirmado no local. Conforme dados da Delegacia de Trânsito de Caxias, em 2024 foram sete mortes na BR-116.
Para Nery, o trecho mais delicado na cidade é compreendido entre o km 142, do trevo de o ao bairro Ana Rech, até o km 154, no entroncamento com a Avenida São Leopoldo. Ele explica que isso se deve ao grande número de veículos e pessoas que circulam pela rodovia federal, sendo que fora do período de férias escolares, cerca de 60 mil veículos am diariamente por ali.
Segundo o chefe da PRF em Caxias, os pontos de maior incidência de acidentes estão mapeados e dentro do “cartão programa", um roteiro de atividade dos agentes da PRF diariamente, o que auxilia na atuação.
— O que temos com maior gravidade são os atropelamentos, pela fragilidade do pedestre e pela situação de termos estabelecimentos, residências e escolas em ambas as margens. Então, o que mais acontece com gravidade, à noite, são as saídas de pista, colisões com objetos fixos, postes e placas. Esses acidentes envolvem velocidade e, em muitos, a embriaguez ao volante é um agravante.
Mortes no trânsito
- 2019: 54 inquéritos instaurados;
- 2020: 28 inquéritos instaurados;
- 2021: 50 inquéritos instaurados;
- 2022: 35 inquéritos instaurados;
- 2023: 46 inquéritos instaurados;
- 2024: 50 inquéritos instaurados.
Fonte: Delegacia de Trânsito de Caxias do Sul