
As aulas da rede municipal de ensino de Caxias do Sul foram retomadas nesta quinta-feira (3). As escolas ficaram fechadas na quarta-feira (2), após a professora de inglês Thais de Oliveira, de 34 anos, ser atacada por dois alunos de 14 e 15 anos com faca.
Na Escola João de Zorzi, onde ocorreu o caso, os portões foram abertos às 7h, momento em que chegaram os primeiros pais e veículos de transporte escolar. Por volta das 7h15min, uma viatura da Guarda Municipal chegou para monitorar a entrada. A secretária municipal da Educação, Marta Fattori, e uma equipe da prefeitura vieram na sequência.
O vendedor Adriano Lima, 37 anos, estudou na João de Zorzi entre os anos 1990 e 2000. Mesmo inseguro, trouxe nessa manhã para a aula o filho Leonardo Lima, nove, mas reforçou o pedido por iniciativas permanentes de apoio:
— Gerou uma insegurança, não tem como pensar diferente, ficamos receosos de continuar na escola. As promessas de mais segurança só surgem quando acontece algo, o problema é quando cair no esquecimento. Tem que ter uma ação permanente.
Após os alunos serem encaminhados às salas de aula, pouco mais de 20 pais e responsáveis foram reunidos em um espaço para conversa com o diretor da João de Zorzi, Jeferson Carvalho, e a secretária Marta.
O espaço de escuta entre direção, professores e pais deve seguir ao longo da manhã e deve ser realizado também no turno da tarde, de acordo com o diretor. Ele acredita que o clima será de mais tensão porque a professora foi agredida na tarde da terça.
Até semana ada, Enzo Nunes Franco, 11, se deslocava até a escola sozinho devido à proximidade com sua casa, no bairro Fátima Baixo. Isso mudou a partir desta quinta, segundo o pai, Jutai Bassanesi Franco, 63:
— Agora eu trago e venho buscar ele. Fico com medo de acontecer com alunos o que aconteceu com a professora. A única coisa que peço é que o prefeito bote segurança, uma pessoa fixa na escola.
— Ele ficou preocupado, pensativo, olhando, mas é adolescente, não tem tanta reação. É a gente que fala o que pode acontecer — revelou Raquel Machado, mãe de um aluno de 13 anos que está no oitavo ano do turno da manhã.
No caso dele, por ser no turno oposto, as informações chegaram pelas redes sociais. Raquel diz que optou por contar a história completa.
— Eu falei pra ele que tudo isso vai ter consequência, não só para a professora, mas também com vocês, com os meninos. A gente orienta da melhor forma possível para ele ver que não é certo, não é legal, e tudo tem consequência independente da idade — completou.
Mãe de um aluno de nove anos, Kátia Cristina Antunes disse que também optou por contar ao filho o que ocorreu. A criança, diz a mãe, não perdeu a vontade de ir para a escola, mas ela teme com o entendimento sobre os comentários feitos.
— Aos poucos vamos precisar trabalhar isso na cabecinha deles, porque a vida tem que continuar. Não tem jeito. Mas tá sendo muito bem apoiado aqui, gostei muito da reunião. Daqui pra frente vai ser melhor. Acredito que amanhã ele volta ainda mais seguro e eu vou trabalhar tranquila — disse.
Na quarta, o poder público prometeu, após reunião com Comissão de Diretores e Sindiserv, um reforço na segurança de ao menos 30 das 82 escolas municipais com uma presença mais efetiva da Guarda Municipal, especialmente nos momentos de entrada e saída de estudantes.
A instituição atende a 263 alunos, divididos em dois turnos, do pré ao nono ano, com um quadro de 30 professores.

Ações ao longo do dia na Zona Norte
A gerente do Centro de Ações Preventivas da Guarda Municipal, Milene Lopes Calegaro, afirmou, nessa retomada das aulas, que as próximas semanas serão de presença total de agentes e viaturas em escolas da Zona Norte.
Na manhã dessa quinta, cinco viaturas acompanharam a entrada das escolas municipais João de Zorzi, Presidente Tancredo de Almeida Neves, Professora Ester Benvenutti, Presidente Castelo Branco e Professora Ilda Sebben Barazzetti. No decorrer do dia, ao menos outras seis instituições serão vigiadas.
— São escolas da região, algumas com índices maiores de desavenças — explica a agente Milene.

É justamente essa atenção do município que o montador João Carlos da Silva, 55, quer para a escola em que a filha Brenda Isabelli da Silva, 13, frequenta o oitavo ano:
— Tem que ter mais presença da Guarda Municipal, estamos inseguros, mas a esperança é que tudo melhore e volte ao normal.
A estudante disse que estava ansiosa para a retomada após a professora ser atacada.
— Espero que não aconteça de novo, poderia ter sido pior — lamenta.
Fernanda da Silva, 40, mãe de outro aluno da João de Zorzi, confia nas providências que serão tomadas:
— Acredito que não haverá problemas, temos a presença da Guarda Municipal cuidando das crianças.