
Uma ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 14 pessoas em situação análoga à escravidão nessa semana, em São José dos Ausentes. A fiscalização aconteceu entre os dias 16 e 18 de maio, contudo foi divulgada apenas nesta semana.
Segundo o MTE, o grupo atuava colhendo batatas em uma propriedade na Vila Silveira, zona rural da cidade. A fiscalização apontou que a maioria dos trabalhadores veio do Maranhão. Eles teriam chegado aos Campos de Cima da Serra por um intermediário que os recrutou.
Na negociação, o recrutador teria oferecido hospedagem gratuita e alimentação fornecida pelo empregador. Contudo, a fiscalização do MTE apontou que os alojamentos estava em péssimas condições de higiene, sem camas, lençóis, cobertores ou armários.
Nos dias de frio, o grupo costumava dormir usando as mesmas roupas utilizadas durante o dia de trabalho. Alguns relataram ter comprado, com o próprio dinheiro, itens de cama.
Outra irregularidade apontada pela fiscalização foi a ausência de registros formais de emprego. O grupo não tinha carteira assinada e o pagamento dos salários era feito pelo intermediário, que descontava parte dos valores para, supostamente, custear a alimentação.
Os 14 trabalhadores também não receberam equipamentos de proteção individual, como calçados. Muitos relataram trabalhar descalços, mesmo nos dias com baixas temperaturas. Aos fiscais e agentes da Polícia Federal, o grupo relatou ter sido ameaçado de morte caso se recusasse a trabalhar.
Após a ação, eles foram encaminhados para uma pousada na cidade, onde permaneceram até o pagamento dos valores que tinham direito. As verbas rescisórias foram pagas na terça de manhã, dia 27, totalizando R$ 150 mil. O grupo também recebeu guias do seguro-desemprego.
Ainda, coube ao empregador custear o retorno dos empregados para a cidade de origem. O MTE lavrou auto de infração contra os responsáveis de acordo com as irregularidades.