
Produzidos em locais que determinam sua exclusividade, produtos de características únicas são capazes de promover o nome das regiões de onde saíram a ponto de as transformarem em destino turístico.
Países europeus, como Itália, Portugal e França, por exemplo, fazem isso muito bem e atraem turistas para regiões que são hoje sinônimos de cortes de carnes, vinhos, queijos e espumantes.
O presunto de Parma, o vinho do Porto e a espumante de Champagne estão entre os produtos com determinação de origem mais conhecidos no mundo. No Brasil, mais de 130 já foram autenticados pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e aram a incorporar o nome de onde vêm. É o caso, por exemplo, dos doces de Pelotas, da maçã de São Joaquim (SC) e do arroz do Litoral Norte Gaúcho.
Eles estão entre os 50 produtos que estarão expostos a partir desta quarta-feira (28) em Gramado no Connection Terroirs. No ano ado, o evento foi realizado em agosto, por conta da enchente e, em 2025, de forma mais leve, sem a insegurança trazida pelos problemas de logística, segundo o CEO Eduardo Zorzanello. A iniciativa apresenta também artesanato, feito de forma única em regiões de Roraima, Ceará e Sergipe.
— É um ano mais leve, diferentemente do ano ado, que precisou ser adiado e ocorreu em agosto, ainda com o Aeroporto Salgado Filho fechado. Queremos revelar experiência para o participante e que ele se sinta imerso. Quando falamos em indicação geográfica, falamos do que é mais genuíno e precioso de um território, porque lidamos com história, origem e um saber fazer extremamente típico para traduzir isso em reconhecimento — diz.
Trazidos por produtores de todas as regiões do país, os produtos poderão ser degustados gratuitamente até sábado (31) na Praça Major Nicoletti e na Rua Coberta, onde ocorrem também oficinas de gastronomia e degustações guiadas. Na arena de conteúdo, instalada no Palácio dos Festivais, painéis vão debater marketing, turismo e as oportunidades geradas pela produção local. Os ingressos custam R$ 399.
— É um evento que contempla a comunidade que vai experimentar, o produtor que quer ter mais conhecimento com temas de mercado e proprietários de restaurantes, hotéis, mercearias e boutiques que podem agregar produtos únicos aos respectivos comércios. Nosso papel é despertar no consumidor o desejo de entender a importância de consumir um produto que tem história — diz Zorzanello.

Guaraná de Maués, o único com 4,2% de cafeína
Entre os produtos que serão expostos no Terroirs do Brasil está o guaraná de Maués, município do interior da Amazônia. A viagem para chegar à Serra começou no domingo (25), no único barco diário que percorre os cerca de 350 quilômetros até a capital Manaus em 24 horas.
Quem vem a Gramado é o italiano Lucca D’Ambroz, morador de Maués há 23 anos e proprietário de uma agroindústria que beneficia o guaraná com o maior teor de cafeína produzido no Brasil:
— O guaraná de Maués é muito especial, uma planta amazônica domesticada por indígenas. A semente tem um teor de cafeína de 4,2%, diferente de guaranás da Bahia e Mato Grosso e o triplo do café, então é uma fonte de energia muito importante. O consumo do guaraná em pó não proporciona somente energia, mas ajuda muito no foco e na atenção.
Processado e beneficiado da forma tradicional, colhido à mão e torrado por oito horas em tacho de barro, o guaraná de Maués teve sua determinação de origem conquistada em 2018 e tenta, segundo D’Ambroz, reeducar o brasileiro para o consumo do grão enquanto energético e não apenas como refrigerante:
— Isso era muito forte há 40 anos, quando só se tinha guaraná em Maués, mas quando começou a ser produzido em outras regiões e em larga escala pensando na indústria, a qualidade se alinhou para baixo para atender a necessidade. A indústria acabou ofuscando a fama.
D’Ambróz, que também é secretário executivo da Associação dos Produtores de Guaraná da Indicação Geográfica de Maués, leva o guaraná para Gramado em diversas formas.
— Em pó, cápsula e em bastão, as mais tradicionais e que permitem transformá-lo em pó. Hoje todo mundo quer foco e disposição e incluímos no chocolate para facilitar o consumo e ter em uma barrinha com dose diária de guaraná necessária — conta.
Confira os produtos que estarão expostos:
• Cafés de oito regiões mineiras e de quatro paulistas
• Café Matas de Rondônia (RO)
• Café Norte Pioneiro do Paraná (PR)
• Cafés Especiais das Montanhas de Espírito Santo (ES)
• Derivados de Jabuticaba Sabará (MG)
• Mel de Melato da Bracatinga (SC, RS e PR)
• Mel de Aroeira do Norte de Minas (MG)
• Mel de Aroeira de Inhamuns (CE)
• Mel do Oeste do Paraná (PR)
• Melado Batido e Melado Escorrido de Capanema (PR)
• Queijo Artesanal da Canastra (MG)
• Queijo Artesanal Região do Serro (MG)
• Queijo Serrano dos Campos de Cima da Serra (RS)
• Artesanato Renda de Divina Pastora (SE)
• Artesanato de Jaguaribe (CE)
• Bala de Banana de Antonina (PR)
• Banana In Natura e Derivados da Região de Corupá (SC)
• Vinhos Finos Altos Montes (RS)
• Vinhos da Campanha Gaúcha (RS)
• Vinhos e Espumantes Vale dos Vinhedos (RS)
• Vinhos e Espumantes de Farroupilha (RS)
• Vinhos e Espumantes dos Vales da Uva Goethe (SC)
• Vinhos de Inverno do Sul de Minas (MG)
• Espumante Altos de Pinto Bandeira (RS)
• Cracóvia Suína de Prudentópolis (PR)
• Açafrão da Região de Mara Rosa (GO)
• Biscoito São Tiago (MG)
• Cachaça e Aguardente de Luiz Alves (SC)
• Amêndoa de Cacau de Linhares (ES)
• Própolis dos Manguezais de Alagoas (AL)
• Doces de Pelotas (RS)
• Camarão Costa Negra (CE)
• Erva-mate São Matheus (PR)
• Erva-mate Região de Machadinho (RS)
• Arroz do Litoral Norte Gaúcho (RS)
• Maça de São Joaquim (SC)
• Guaraná de Maués do Amazonas (AM)
• a de Barro Raposa (RR)
• Cerâmica Alegria (CE)