Um grande canteiro de obras a céu aberto. Assim pode ser resumida a atual situação da BR-470, entre Bento Gonçalves e Veranópolis. ado pouco mais de um ano desde que a rodovia foi atingida por 94 deslizamentos de terra, reflexos da intensa chuva que assolou o Estado, espaços e mais espaços de construção surgem ao longo da rodovia.
São, precisamente, 33 pontos de obras simultâneas, sendo executadas por cerca de 700 trabalhadores, que operam 400 máquinas. Para isso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), segmentou as intervenções em oito lotes de obras, conduzidas por cinco empresas contratadas.
Ao todo, R$ 200 milhões já foram empregados na reconstrução da rodovia e outros R$ 700 milhões estão previstos nos contratos firmados. Essa mobilização para recuperar a BR-470 já resultou na conclusão de um terço das obras planejadas na rodovia. A recomposição total deve ser finalizada apenas em 2026.
— Essa é, sem dúvida, uma das reconstruções mais desafiadoras que o Dnit já fez em sua história. Esse ano todo vai ser dedicado às obras em andamento e ao início de novas intervenções. Ao longo da rodovia há diversos pontos com deslizamentos de terra que receberão obras. Contudo, estamos priorizando algumas áreas — detalha o chefe de Serviços do Dnit, Adalberto Jurach.
Entre as obras previstas para serem concluídas nesse ano está a recomposição do km 189 da rodovia, no lado de Veranópolis. O trecho em questão foi atingido por três grandes deslizamentos de terra que levaram uma parte da pista. No final do ano ado, as equipes contratadas pelo Dnit conseguiram reconstruir parte da rodovia e liberaram o fluxo de veículos para o Natal.
Agora, o trecho já está sendo limpo para receber a contenção que manterá o solo estabilizado. Para isso, uma tela de proteção está sendo instalada e concretada. Segundo Jurach, mesmo que uma rocha se desprenda do solo, ficará no mesmo lugar devido à tela.
Após essa etapa, o Dnit prevê ampliar a largura da pista e alterar a curva, aumentando o raio. Só nessa recuperação foram investidos cerca de R$ 100 milhões, divididos em sete pontos de reconstrução. A previsão é que a obra seja concluída em outubro desse ano.
Anunciados recentemente, os dois viadutos nas populares “curva dos Bucco”, próximo da cachaçaria e pousada, ambos no lado de Bento Gonçalves, também devem ser finalizados até dezembro desse ano.
As obras, orçadas em R$ 52,3 milhões, terão duas faixas e dois acostamentos. O primeiro viaduto, no km 192, perto da cachaçaria, terá 85 metros de extensão e 15 metros de altura. Já a segunda estrutura, próxima da pousada, terá 96 metros de extensão e 17 metros de altura.
Conforme Jurach, o Dnit optou pelas construções devido ao custo, que se assemelha ao montante necessário para as contenções na encosta que margeia a pista.
— Fizemos o levantamento e o valor era praticamente o mesmo, com a diferença de que seria muito mais difícil mexer nas encostas. A partir dos viadutos conseguimos suavizar esses trechos, que são de muitas curvas. Depois de concluídos, vamos inutilizar a pista antiga — explica.
Ainda no lado de Bento Gonçalves, no km 200, as obras para a instalação da cortina atirantada (uma parede que concede maior estabilidade à pista), irão possibilitar que o trecho seja ampliado. O plano do Dnit é construir no local uma terceira faixa no sentido Veranópolis - Bento Gonçalves.
Na avaliação de Jurach, esse é um dos trechos com espaço disponível para a ampliação da rodovia. Contudo, uma duplicação completa, tema debatido entre a comunidade há décadas, se torna inviável devido a geografia local.
— Estamos projetando a contratação de um projeto de duplicação, mas diante da situação, ele não está entre as prioridades. Há trechos que dificilmente poderão ser duplicados por conta das rochas. A partir do momento que elas seriam detonadas para dar espaço à rodovia, não temos como prever se o local ficará estável — pontua.
Projeto de nova ponte ganha apoio local
Paralelo às obras, o Dnit conduz um estudo para construir uma nova ponte entre Bento Gonçalves e Veranópolis. Conforme anunciado em abril, a nova ponte deverá substituir a Ponte Ernesto Dornelles, inaugurada há mais de 70 anos.
A nova estrutura, ainda sem tamanho oficial, seria construída ao lado da atual ponte, conectando as cidades por outro trecho da rodovia. Além de melhorar o fluxo de veículos pesados, a nova ponte reduziria as obras na cabeceira norte da Ernesto Dornelles.
— Se o projeto da nova ponte for aprovado pelo governo federal, vamos fazer intervenções mais simples na cabeceira, onde aconteceu aquele grande deslizamento. Isso porque o trânsito principal não ará mais por ali. A Ernesto Dornelles possivelmente vai se tornar um espaço turístico — pontua Jurach.
O estudo da nova ponte deverá ficar pronto até julho, quando será encaminhado para o Governo Federal para avaliação. Enquanto isso, lideranças políticas locais já começaram a se mobilizar em prol da obra.

Para o prefeito de Veranópolis, Cristiano Dal Pai, a construção dessa nova interligação entre as cidades é vital para a indústria veranense, devido às dificuldades logísticas para escoar a produção e receber matéria-prima.
— As empresas que enviam material para ar ali, diariamente, estão optando por fazer longos desvios, já que a capacidade de peso é limitada. Precisamos buscar soluções para a nossa região, para que não seja mais prejudicada do que já foi.