– O ministro da Justiça recebe as informações das operações da Polícia Federal e transmite à presidente da República por dever de ofício. Mas ele recebe no momento em que a operação é desencadeada – assegura.

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Em delação, Mônica Moura contou que recebeu uma mensagem de Dilma pelo suposto e-mail criado para facilitar a comunicação entre o casal de marqueteiros e a ex-presidente. Segundo a delatora, a petista pediu um telefone seguro para que pudesse conversar com Santana, quando teria alertado sobre um mandado de prisão.

Dilma teria sido avisada por Cardozo sobre o despacho judicial da Lava-Jato. Questionada pelos investigadores, no entanto, Mônica Moura não soube precisar se a ligação entre Dilma e Santana ocorreu em 20 ou 21 de fevereiro. A Operação Acarajé foi deflagrada no dia 22. Como o casal estava na República Dominicana, os publicitários só foram presos no dia 23, quando desembarcaram no Brasil.

O ex-ministro da Justiça sustenta que não foi avisado sobre a prisão de Santana e que, por isso, Dilma também não teria como avisar o casal de publicitários antes da operação ser deflagrada. Conforme Cardozo, se a versão de Mônica Moura fosse verdadeira, "alguém teria quebrado o sigilo".

– Normalmente, no começo da manhã, quando se executam as operações da Polícia Federal, é que o ministro é avisado. Salvo alguma autoridade do Ministério Público, da Magistratura ou da PF quebrar o sigilo, como eu poderia saber antes? Impossível, absolutamente impossível – diz.

Cardozo reiterou que a delação de Mônica Moura se contradiz com a de João Santana, já que o marqueteiro diz que deduziu que poderia ser preso, mas afirma que não recebeu nenhum aviso. O ex-ministro ainda lembrou que havia especulações na imprensa de que o casal seria alvo da Lava-Jato, e classificou como "ridículo" o depoimento em que Mônica diz que o ex-ministro teria visto um mandado de prisão sobre a mesa para, depois, avisar Dilma.

– O ridículo começa aí: o ministro acha um mandado sobre a mesa. Que isso? Então, o ministro sai andando pela PF para saber o que tem em cima da mesa? Isso não tem pé nem cabeça – ironizou.

Informações "desconfirmadas"

Ao criticar delações que acabam sendo "desconfirmadas", o ex-ministro defendeu que, nestes casos, os acordos de colaboração deveriam "cair imediatamente".

– O grande problema é que quando se dá publicidade a uma delação premiada se execra a pessoa, se submete a um vexame que depois não se confirma – sustenta o ex-ministro, defendendo que as delações só sejam divulgadas após o Ministério Público oferecer a denúncia formal contra os investigados.

Questionado se delatores são pressionados a inventar as versões que os investigadores esperam ouvir, Cardozo se limitou a dizer que "alguns falam isso". O ex-ministro da Justiça ainda afirmou que compreende o "desespero" dos investigados para deixar a prisão.

– Me parece que existem algumas situações de delatores que não se confirmam. E por que os delatores falaram? É porque acharam que agradariam os investigadores, porque os advogados orientaram ou foi uma situação deles próprios? Não posso saber disso, tenho que me ater aos fatos – frisa.

Ex-marqueteiros das campanhas do PT

A delação de João Santana e Mônica Moura foi firmada com o MPF e encaminhada ao STF porque envolve autoridades com foro privilegiado perante a Corte. Os dois foram responsáveis pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014.

Depois da homologação da delação, João Santana e Mônica Moura foram ouvidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito da ação que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014.

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