Deixando a novela de lado, procedimentos como a inseminação e a fertilização in vitro são diferentes opções para casais que enfrentam problemas de fertilidade.
Em Porto Alegre, o Sus garante tratamento gratuito para aqueles que optam pelo procedimento para, assim, realizarem o sonho de serem pais.
Na novela das seis, o fotógrafo Miguel (Domingos Montagner) fez uma doação anônima para um banco de sêmen, que resultou na geração de seis filhos por diferentes mães. Em um determinado momento, todos descobrem a identidade do pai através de pistas na internet e dão início a uma busca clandestina por ele.
- Por conta da novela, assisti a documentários, reportagens e realities sobre filhos de doadores anônimos. Por trás de cada história, sempre uma nova família: mãe solteira com filho, duas mães, grupos de meio-irmãos de até 30 pessoas - diz Lícia Manzo, autora da novela.
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Na história da novela, a doação foi feita nos Estados Unidos. O médico Adelino Amaral, presidente da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do Conselho Federal de Medicina (CFM), ressalta que a situação não poderia acontecer no Brasil, onde a doação de sêmen é sempre anônima e não remunerada:
- A situação na novela é surreal. O índice de sucesso da inseminação não chega a 20%. Para acontecer como na novela (gerar seis filhos com uma só doação), ele deveria ter feito cerca de 40 inseminações.
Segundo Adelino, existe dificuldade em conseguir sêmen no país, e a entidade faz campanhas em busca de doadores.
Doação não pode ter caráter lucrativo
Segundo o Conselho Federal de Medicina, a doação de óvulos, sêmen e embriões não pode ter caráter lucrativo ou comercial.
Além disso, os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Porém, há um controle para evitar que um doador tenha produzido mais do que duas gestações de crianças de sexos diferentes, numa área de 1 milhão de habitantes.
Dentro do possível, deve-se garantir que o doador tenha a maior semelhança e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
Não existe banco de sêmen em Porto Alegre. Nem privado nem público.
Para Fábio e Camila, a realização de um sonho
No Bairro Senai, em Montenegro, a agitação do pequeno Gabriel, um ano e oito meses, e a alegria dos pais, Fábio do Espírito Santo, industriário, 35 anos, e Camila Nunes Pinheiro Drehmer, 33 anos, são o final feliz de uma longa novela, que começou entre o fim de 2010 e o começo de 2011. Com problemas hormonais desde os 16 anos, Camila, que trabalha em uma creche na cidade, sabia que precisaria de tratamento especializado para realizar o sonho de ser mãe. Optou pela fertilização in vitro, via Sus, em um tratamento que é gratuito.
Depois de uma série de consultas no posto de saúde local, o casal ou para as consultas investigatórias e começou o tratamento no Hospital Fêmina. Mesmo sabendo que a possibilidade de engravidar era pequena e que a gestação era de risco, foi adiante.
Medicamentos não são gratuitos
Durante o período do tratamento, a família teve que arcar com o custo dos medicamentos, não coberto pelo Sus - em torno de R$ 5 mil. Fábio chegou a pesquisar o preço do tratamento em laboratórios particulares, mas era inviável: em torno de R$ 50 mil.
Gabriel nasceu prematuro, em 2013, mas tudo deu certo.
- Super recomendamos esse procedimento para outros casais - comemora Camila.
Os métodos:
Fertilização in vitro
* O processo leva em torno de três anos.
* Estimula-se, com o uso de medicação, a produção de óvulos na mulher.
* Depois de coletados, os óvulos são unidos ao sêmen do doador em laboratório.
* O embrião formado é introduzido na paciente. A fertilização se dá, portanto, fora do útero.
* O número de embriões transferidos para o útero varia de acordo com a idade da mulher - quanto mais velha, mais embriões.
* Porém, com a implantação de mais de um embrião, aumenta a possibilidade de que a mulher tenha gêmeos ou trigêmeos. Por isso, a tendência mundial é a transferência de um embrião único.
Inseminação artificial
* O procedimento é feito dentro do útero: o sêmen é injetado no dia em que a paciente está ovulando.
* A mulher engravida em processo semelhante ao da relação sexual.
Disponível via Sus
Em Porto Alegre, o Hospital de Clínicas e o Fêmina, ambos vinculados ao Ministério da Saúde, atendem casais que necessitam de tratamentos de reprodução assistida para engravidar, como a inseminação artificial ou fertilização in vitro (FIV).
Porém, segundo a ginecologista Andrea Nácul, da Unidade de Reprodução Humana do Fêmina, o primeiro o é consultar com um médico no posto de saúde.
- Se a mulher não tiver conseguido engravidar pelo método tradicional após um ano de tentativas, não usando nenhum método anticoncepcional, já pode consultar com o ginecologista do posto de saúde para que a investigação possa começar - explica.
Quanto mais cedo, melhor
Dali, os casais começam as consultas para que o tratamento prossiga. Mesmo assim, as estatísticas de sucesso não são animadoras. Andréa afirma que, de cada cem mulheres que optam pelo procedimento de FIV, somente entre 30 e
40 conseguem engravidar. À medida que a idade avança, esse número só cai.
O tratamento é gratuito, coberto pelo Sus. As medicações necessárias, não.
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