Hoje estamos vivendo uma grande mudança, uma grande transformação no modelo de assistência no cuidado materno infantil e nas práticas de parto e de amamentação. Mas a gente sabe que tem alguns profissionais que se acomodam, que não se atualizam. As mães têm buscado se informar, buscado as evidências científicas mais recentes sobre o melhor tipo de assistência e tem realmente discutido, perguntado aos profissionais de saúde e manifestado seu desejo real e as possibilidades seguras de fazerem cumprir esse objetivo. Quando a gente fala dessa mudança de assistência e de paradigmas de parto e amamentação, ele vai partir do empoderamento feminino. Mulheres informadas, com informação de qualidade, com e, com segurança vai fazer com que elas realmente busquem profissionais que possam auxiliá-las. Em junho vamos realizar o Congresso Mame Bem, que é voltado para profissionais de saúde e para qualquer pessoa interessada em saber mais em aleitamento justamente para trazer mais informações para gestantes e mães que querem ter mais conhecimento sobre parto, amamentação, desmame, introdução alimentar e criação respeitosa dos filhos.
Apesar das muitas informações que temos, não é raro mulheres sofrerem preconceito na rua por amamentar e ainda há quem ache o ato nojento. Como e quando isso mudará?Infelizmente ainda há mulheres sendo discriminadas, com vergonha de amamentar em público. Tanto que vários movimentos foram criados para serem feitas leis que protejam essas mulheres e deixem claro que amamentação é algo natural, que a mulher pode fazer isso de maneira segura, protegida e feliz. A legislação está aí para ajudar, mas a gente luta para que não precise de lei para que a mulher possa sentir segura, queira e se sinta à vontade em fazer isso e que saiba que é algo natural amamentar o seu filho.
Há evidências científicas fortes que mostram como o uso de bicos artificiais, uso de mamadeira, uso precoce de fórmulas sem ter indicação clínica real e verdadeira podem impactar nas práticas de aleitamento materno.
TATIANA VARGAS
Consultora internacional de amamentação
Na sua percepção, os hospitais ainda falham muito na hora dourada?
A hora de ouro ou hora dourada é um momento muito importante para o início da amamentação e na continuidade do aleitamento materno. Com o bebê no colo, pele a pele, auxilia muito o tempo da descida do leite. Em muitos hospitais é difícil atingir esse objetivo, que é um dos os da iniciativa Hospital Amigo da Criança. Isso acontece por conta das práticas atuais de parto pois muitas vezes a mulher vai para a cesárea e tem mais dificuldade de postura e de profissionais para auxiliá-la a colocar o bebê para mamar na primeira hora de vida. A hora dourada deveria acontecer sempre que o bebê nasce saudável, independente da via de parto.
Como uma mãe consegue driblar tamanha oferta que parece ser boa, mas que no fundo prejudicam a amamentação?
Há evidências científicas fortes que mostram como o uso de bicos artificiais, uso de mamadeira, uso precoce de fórmulas sem ter indicação clínica real e verdadeira podem impactar nas práticas de aleitamento materno. Todos que lutam pelo aleitamento materno tentam proteger e o governo tem, inclusive, a NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactantes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras) que tenta proteger o consumidor de não ser tanto exposto a esses produtos. A gente sofre uma influência grande da mídia e o pós-parto é um momento de imensa fragilidade e essa mulher pode ser influenciada pela mídia, por alguns profissionais para usar aparatos e alimentos que não favorecem o aleitamento materno.
Tratado do Especialista em Cuidado Materno Infantil com Enfoque em Amamentação
Autora: Tatiana Vargas
Ilustração: Paula Beltrão
Formato: 456 páginas
Valor unitário: R$ 310 (no congresso será vendido por R$ 250)