Inspirado pelo pai, João Alcindo Silveira, que antes de falecer costumava incentivar as pessoas a doarem sangue, o vigilante aposentado, Luis Anselmo Vieira Pereira, 54 anos, de Porto Alegre, é um dos mais assíduos frequentadores do Hemocentro da Capital. Doador desde 2003, ele já precisou receber sangue de outras pessoas em três situações envolvendo procedimentos cirúrgicos.
— Me sinto bem ajudando as pessoas e sabendo que uma doação pode ajudar a salvar até quatro vidas — conta, mostrando os comprovantes de doação.
E mesmo durante o primeiro ano da pandemia de coronavírus, Luis Anselmo fez questão de continuar atuando voluntariamente porque sabia que as doações estavam escassas. Para estar sempre apto a doar, o aposentado toma alguns cuidados com a própria saúde: bebe apenas socialmente, evita alimentos gordurosos, mantém uma dieta equilibrada e tem um relacionamento monogâmico há 15 anos.
Entre 2009 e 2013, contratado por uma empresa terceirizada, Luis Anselmo acabou trabalhando, por coincidência, no próprio Hemocentro. Certo dia, ao ver uma moça cabisbaixa e olhando uma lista na entrada do prédio, ele perguntou a ela se aguardava alguém. A mulher respondeu que faltava um doador para completar o número necessário. O vigilante, na mesma hora, pediu permissão à gerência para doar e foi liberado.
— Sou muito grato a quem me ajudou quando eu precisei de sangue. Enquanto Deus me der saúde, continuarei doando — afirma Luis Anselmo, que pretende doar sangue mais uma vez ainda em 2021.
Em 1967, aos dois anos de idade, o vigilante Alberi Nunes ou por uma cirurgia no estômago, realizada no interior do Estado, e precisou de sangue durante o procedimento. Esta história, contada a ele pelos parentes, o fez se tornar também um doador a partir de 1985, quando já morava em Sapucaia do Sul.
Há 16 anos, Alberi se tornou um dos quatro fundadores da Associação Sapucaiense De Apoio Aos Doadores de Sangue, uma entidade que chegou a reunir mais de 1 mil cadastrados. Além de cadastrar doadores e transportá-los até os bancos de sangue, a entidade Associação também compartilha as ações nas redes sociais para atrair novos voluntários.
O vigilante recorda que quando não conseguia transporte para os doadores, usava o próprio carro, um Uno, até a Capital. A fama de Alberi no Vale do Sinos o levou a ser conhecido como o "vampiro de Sapucaia", apelido dado por um radialista gaúcho. No celular de Alberi não há a foto dele, mas a do famoso personagem Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, interpretado por Chico Anysio.
De tão engajado com a causa, Alberi estimulou a família a fazer o mesmo. Hoje, a mulher, os quatro filhos, uma irmã e dois sobrinhos também são doadores de sangue.
— Quem necessita, sabe a importância de uma doação. Por isso, sempre defendo: ajudar hoje porque você pode precisar amanhã - justifica o "vampiro de Sapucaia".