Conforme Willers, os medicamentos utilizados no tratamento da doença podem causar má-formação múltipla em recém-nascidos de gestantes com lúpus. Os bebês podem apresentar problemas de funcionamento no sistema nervoso central, membros incompletos e fenda palatina – desenvolvimento incompleto do lábio ou céu da boca. Ele orienta que mulheres que tenham a doença e desejam engravidar planejem o tratamento com um médico.
— A malformação acontece pelas medicações, mas a doença transforma a gestação em uma gestação de alto risco. Porque a paciente pode ter complicações gestacionais decorrente do lúpus. Pode ter risco maior de aborto, de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, do feto nascer precocemente — salienta.
Considerada uma das doenças de diagnóstico mais complicado, o lúpus tem sinais característico e que necessitam de muita atenção. Quando expostas ao sol, pessoas com a doença costumam apresentar vermelhidão muito rápida e incomum na pele. Há outros dois sinais característicos, além da queda de cabelo:
O diagnóstico do lúpus decorre de uma combinação de exames somada aos sintomas descritos pelo paciente.
— Verificamos lesões na pele, alteração no cabelo, observamos se tem alguma alteração psiquiátrica e psicológica, que também pode ter influência do lúpus, avaliamos o funcionamento dos rins, alterações nas células do sangue. Um conjunto destas alterações clínicas, manifestações do organismo, pode indicar o diagnóstico da doença — explica Willers.
O reumatologista alerta que é preciso ter atenção com o exame de testagem da quantidade de anticorpos da célula FAN (Fator AntiNucleo), presente na corrente sanguínea. Segundo ele, pesquisas rápidas na internet indicam que o teste positivo no exame estaria relacionado ao diagnóstico de lúpus, o que Willers alerta que pode ser um indicativo, mas apenas se somado a outras questões clínicas.
— Pessoas que não têm doença reumatológica podem ter esse FAN positivo, então a gente tem que ter esse cuidado. Tem outros exames que auxiliam no diagnóstico, claro, que somados a outros testes como o anti-Smith, C-13 e C-14. A combinação de pelo menos uma quantidade destes sintomas e exames leva ao diagnóstico claro do lúpus.
A base do tratamento contra o lúpus consiste no uso de medicamentos imunossupressores, que controlam o funcionamento do sistema imunológico. A medicação mais importante é a hidroxicloroquina, que atua contra lesões na pele, diminui dores articulares, previne sequelas, auxilia o metabolismo e melhora o desempenho de outras medicações.
— A gente tem que tirar essas defesas ruins do nosso organismo, para que parem machucar nosso corpo. Claro que os medicamentos não serão tão seletivos e vão afetar células boas, não é possível eliminar apenas os "policiais ruins". Muito falada na pandemia da covid-19, a hidroxicloroquina é a principal medicação de combate ao lúpus, é fundamental, temos que deixar isso claro — expressa Willers.
Por ser uma doença crônica, o lúpus requer tratamento para sempre. No entanto, Willers destaca que pode haver períodos de remissão dos medicamentos, ou seja, controle da enfermidade, mas sempre com a indicação e acompanhamento médico, em períodos que ela a a não se manifestar. Para isso, é importante manter hábitos saudáveis.
— Além de tomar a medicação correta e realizar o acompanhamento com o médico, é importante também manter hábitos saudáveis. A obesidade é um fator de risco, o excesso de tecido adiposo está ligado à probabilidade de uma questão inflamatória maior. Embora não tenha comprovação científica sobre a eficácia de dietas anti-inflamatórias, é importante evitar excessos, não comer uma barra de chocolate inteira todo dia, não beber bebida alcoólica todos os dias. Claro, isso tudo somado à prática regular de atividades físicas — orienta Thiago Willers.
*Produção: Lucas de Oliveira