Fonte: Global Sepsis Alliance
Para que se caracterize a sepse, deve haver alteração em pelo menos um de seis sistemas orgânicos: neurológico, cardiovascular, respiratório, renal, hematológico e hepático. A avaliação especializada considera diversas variáveis do estado do doente.
— Quando a resposta é intensa o suficiente para comprometer de maneira significativa o sistema cardiovascular, a pressão baixa. E quando baixa e não conseguimos fazer com que volte, precisando de medicamentos para que suba, aí temos o choque séptico. O ideal é que o paciente vá para a UTI antes da queda da pressão — acrescenta o intensivista do São Lucas.
O encaminhamento tardio para a terapia intensiva é um aspecto preocupante no Brasil, mas não só aqui.
— Pacientes acabam indo para a UTI quando a pressão já baixou. Muitas vezes, eles já vão entubados e com medicamentos para a pressão. Precisamos melhorar em processos. Além do reconhecimento do quadro, tem a questão de recursos. Nossas emergências vivem lotadas — observa Dias.
Roselaine Pinheiro de Oliveira, médica intensivista e coordenadora médica da UTI do Hospital Dom Vicente Scherer da Santa Casa de Porto Alegre, constata que há confusão sobre sepse e choque séptico inclusive entre colegas de profissão.
— O choque séptico é quando esse processo evolui com hipotensão (pressão baixa). Quanto mais rápido se identificar (o quadro) e se iniciar o tratamento, menos chance tem de evoluir para choque séptico — ressalta Roselaine, também professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
— Muita gente pensa que "tudo bem" ter uma infecção. As pessoas costumam ter medo do coração, do cérebro, mas precisam entender que infecção é algo sério — completa.
De acordo com a Global Sepsis Alliance, são registrados entre 47 milhões e 50 milhões de casos de sepse por ano no mundo, o que resulta em, pelo menos, 11 milhões de óbitos. Não se trata de um problema apenas para pacientes já hospitalizados. O objetivo não é alarmar a comunidade, sugerindo que a pessoa corra para o hospital ao menor indicativo de problema, destaca Dias. Há uma série de sinais e sintomas que podem sugerir que um ferimento, por exemplo, precisa de cuidado especializado, como um corte no pé que começa a expelir secreção e provoca inchaço, vermelhidão e calor local. A pandemia deixou ainda mais evidente a importância da higienização das mãos, que podem levar sujeira para dentro da ferida.
— Já atendi um menino que, jogando bola, chutou um botijão de gás e se infectou a partir da unha. Foi piorando e teve uma infecção grave. Às vezes, a pessoa banaliza ou acha que pode resolver se automedicando — diz o intensivista.
Integrantes de grupos de risco (diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca) ficam mais vulneráveis a complicações quando têm infecção e são os que devem buscar atendimento logo. Outras pessoas, se apresentarem manifestações muito intensas (febre alta, problemas para urinar), também.
— A sepse ou o choque séptico podem atingir qualquer um. As faixas mais suscetíveis são os extremos de idade: recém-nascidos, crianças e idosos — salienta Dias.
Entre os focos mais frequentes de sepse estão o sistema respiratório, seguido do intra-abdominal (apendicite que rompe, período pós-cirúrgico de um tumor no aparelho digestivo) e, em terceiro lugar, o trato urinário.
— Quem tem condição de risco precisa manter higiene corporal adequada, evitar situações que possam provocar agravamento, seguir as orientações médicas, corrigir hábitos como tabagismo ou álcool em excesso. Tudo isso minimiza infecções mais graves em quem já tem outros problemas — diz o intensivista do Hospital São Lucas.
— Se o paciente não urinou nas últimas oito ou 10 horas ou se o volume da urina caiu muito, está com odor forte, se há prostração, coração batendo mais rápido, todas essas são alterações que precisam ser levadas em conta — acrescenta Dias.
Sobre a febre (acima de 38ºC), Roselaine pontua:
— É um sinal de alerta. Quando tem febre, alguma coisa está acontecendo. Não se tem febre "do nada". Pode não ser nada de mais, mas alguma coisa está acontecendo.
Após a alta, pacientes que enfrentaram infecções graves, principalmente aqueles que se submeteram a tratamento intensivo com terapias de e (ventilação mecânica, diálise), podem ter algum tipo de comprometimento em decorrência dessas significativas alterações no funcionamento do corpo. A recuperação das funções cognitivas, da autonomia e da massa muscular pode demandar tempo e apoio de equipe multidisciplinar.
Resposta do organismo a uma agressão provocada por agente infeccioso (bactéria, vírus, fungo). Qualquer pessoa pode desenvolver sepse, mas há grupos mais vulneráveis.
Prematuros, bebês de até um ano, idosos a partir de 65 anos, pacientes com câncer, HIV ou que se submetem a tratamentos que enfraquecem o sistema de defesa do organismo, doentes crônicos (insuficiência cardíaca, insuficiência renal, diabetes), doentes internados usando antibióticos, cateteres ou sondas.
Não há sintomas específicos, mas deve procurar serviço médico com urgência quem estiver com uma infecção e apresentar febre (acima de 38ºC), aceleração dos batimentos cardíacos, respiração mais rápida, fraqueza intensa, tremores e tontura, além de pelo menos um sinal de gravidade, como pressão baixa, diminuição da quantidade de urina (ar muito tempo sem urinar), falta de ar, sonolência excessiva, confusão mental e fala arrastada (principalmente em idosos). Na pele, equimoses (extravasamento de sangue que forma manchas roxas), manchas escuras ou palidez também são sinais que demandam atenção
Pneumonia, infecções abdominais e infecção urinária, em apresentações leves ou graves. Quanto menor o tempo ado com a infecção, menor o risco de que se estabeleça a sepse.
As primeiras horas são fundamentais. Devem ser istrados os antibióticos adequados, conforme avaliação médica e resultados de exames.
Fonte: Global Sepsis Alliance e Ministério da Saúde
Pacientes que aram por um quadro de sepse e cuidadores devem observar determinados sinais e sintomas, entre eles:
Pacientes a partir de 65 anos têm mais risco de desenvolver complicações após a sepse, precisando de nova internação.
Fonte: Instituto Latino-Americano de Sepse