Na visão do diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, a edição dos sete decretos em seis meses retira o foco dos pontos prioritários na área de segurança pública: 

— Isso também causa imbróglio jurídico para o operador da segurança pública ou da Justiça criminal que não sabe o que fazer, porque as normas acabam sendo mudadas mais de uma vez por mês.  

Diego Gomes Ferreira, advogado e um dos fundadores do Grupo Armas Pela Vida, lamenta as últimas medidas adotadas pelo governo. Ferreira encara o movimento como recuo:  

— Não sabemos ainda exatamente qual estratégia é essa, se vai dar certo ou não. De alguma maneira é uma aposta que o governo fez. Não acreditamos que seja uma mudança de ideia em relação ao tema do armamento. O que nos resta, é fazer a devida pressão no Congresso.

Por meio de nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública classifica o recuo como “mero artifício político que demonstra desprezo institucional e nenhuma disposição ao debate sério e aprofundado sobre um tema tão polêmico”.

Principais mudanças previstas nos decretos

Cronologia 

15 de janeiro

Quatorze dias após assumir a Presidência da República, Bolsonaro edita decreto flexibilizando a posse de armas. Entre as alterações, está a adoção de critérios explícitos para a análise da Polícia Federal (PF) em relação aos motivos alegados por quem deseja comprar uma arma. O ato também ampliou o prazo para renovação do registro de arma.

7 de maio

O chefe do Executivo assina decreto que flexibiliza o porte de armas no país. A norma amplia a possibilidade de transportar arma de fogo por cerca de 20 categorias profissionais. Técnicos da Câmara dos Deputados e do Senado afirmam que texto é inconstitucional. STF é acionado no mesmo sentido. Ministério Público ingressa na Justiça pedindo a suspensão da medida. 

22 de maio

Bolsonaro publica no DOU novo decreto sobre porte, ajustando alguns pontos, como idade mínima por menores de idade praticarem tiro esportivo. Reedição estabelece parâmetros para  impedir compra de fuzis pela população. No entanto, a ampliação do porte a diversas categorias é mantida. 

12 de junho

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprova relatório que pede a suspensão dos decretos das armas. 

18 de junho

Plenário do Senado aprova a suspensão dos decretos.

25 de junho

Bolsonaro revoga os decretos sobre porte de armas publicados. Quatro novos decretos são publicados. Governo diz que vai encaminhar texto sobre o tema ao Congresso. 


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