
Condenado a 11 anos e oito meses de prisão por estelionato, o influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, vai ressarcir, segundo a defesa, as vítimas que compraram produtos da loja virtual Tadizuera e não receberam os itens. A advogada do humorista diz que maior parte das pessoas que registraram boletins de ocorrência na época do caso foi procurada para receber indenização e que novas cobranças devem ser efetuadas por meio do Juizado Especial (entenda abaixo).
No processo criminal, Nego Di afirma que foi vítima de um golpe do então sócio na empresa — Anderson Boneti também foi condenado e, ao contrário do humorista, não teve concedido o direito de recorrer em liberdade. A defesa de Boneti alega que a prisão "compromete a reparação dos danos às vítimas, já que ele se encontra impossibilitado de exercer sua atividade profissional e, portanto, de reunir recursos financeiros para eventuais indenizações".
Conforme a advogada de Nego Di, Camila Kersch, o influenciador fez restituições "desordenadas" a partir de julho 2022, quando o esquema foi descoberto.
— Muita gente entrava em contato dizendo que havia comprado e não havia. E o Dilson não tinha o à plataforma para saber se a pessoa tinha comprado, porque isso ficava a cargo do Anderson — alega.
Os pagamentos, segundo a defensora, foram organizados a partir de outubro do mesmo ano. Na sentença, publicada nesta semana, a Justiça descreve que 16 vítimas foram ressarcidas pelo humorista nas audiências. Uma não compareceu e outra decidiu seguir com ação cível para buscar reparação.
De acordo com o documento, após cada depoimento, as vítimas indicavam uma chave PIX e o valor a ser recebido. Esses casos se referem apenas aos apurados em Canoas, enquanto ocorrências de Porto Alegre devem seguir em outra ação penal.
— Das 136 pessoas que estavam em uma listagem de Porto Alegre, a defesa, com autorização, entrou em contato com as pessoas. Foram mais de R$ 180 mil pagos aproximadamente. O inquérito de Porto Alegre conta com 72 vítimas, sendo que cerca de 80% foram restituídas — afirma Camila.
Juizado Especial
Segundo a advogada, as pessoas que registraram boletins de ocorrência na época foram procuradas. No entanto, ela afirma que, atualmente, essa busca não é mais feita.
Por isso, a defesa de Nego Di orienta que eventuais vítimas abram um processo contra o humorista na esfera cível. Valores abaixo de 20 salários mínimos podem ser cobrados pelo Juizado Especial, antigamente conhecido como "pequenas causas".
Esse processo pode ser aberto de forma online, sem a necessidade de um advogado. Ao autor, cabe narrar os fatos e apresentar provas, como comprovante de compras, extratos de cartão e tentativas de contato com a loja.
Em consulta ao sistema do Tribunal de Justiça, Zero Hora apurou que o CNPJ da Loja Tadizuera é mencionado em 361 processos, sendo a maioria por descumprimento de ofertas.