Foi-se o tempo dos pulôveres, das japonas, das galochas e das calças de veludo cotelê.
Naquela época, mesmo repórteres de jornal, como eu, podíamos cobrir os jogos à beira do gramado, desde que chegássemos cedo para conseguir uma boa posição. Pois estava na pista atlética umas três horas antes de a partida começar e veio lá de cima, da arquibancada, um objeto voador que logo identifiquei: um saco plástico cheio de xixi, que estourou bem na minha pequena orelha, molhando-me os cabelos e meu lindo pulôver cinza.
Fazia frio, nem podia pensar em tirar o pulôver e não podia sair dali, sob pena de não conseguir mais ficar naquele ponto privilegiado do gramado. Que fazer? Paciência: deixei a urina secar e tentei não sentir nojinho. Só fui trocar a roupa e tomar um banho reparador muitas, muitas horas depois. Agora, se estivesse de camiseta por baixo da camisa, ela certamente não teria molhado e minha situação seria mais confortável. Ah, mas eu era jovem e não sabia nada sobre a importância da camiseta.
A cada inverno gaúcho um pouco mais rigoroso, lembro daquele meu tão belo pulôver cinza, que teve aquele tão triste destino.
Foi-se o tempo dos pulôveres, das japonas, das galochas e das calças de veludo cotelê. Foi-se, felizmente, o tempo dos saquinhos de xixi nos estádios. Não sei se as mães ainda tricotam roupas de lã para os filhos. Se você é mãe, recomendo que o faça. Vestir uma roupa urdida pelas mãos amorosas da própria mãe é algo que enternece um filho. Tricote para seu menino, portanto. E diga a ele para sempre vestir camiseta de algodão.