Sérgio Rojas assume pop platino

Michael Frantzeski / Divulgação
Artista lança o álbum “Atemporal”

Depois do DVD Frontera (2015), gravado ao vivo, com forte influência do pop argentino, Sérgio Rojas resolveu seguir na mesma linha com este terceiro álbum de estúdio, Atemporal. Se no anterior ele já cantava algumas canções com letras em espanhol, a opção agora é radical: todas são nesse idioma. 

Várias do DVD reaparecem aqui, com outros arranjos, caso da própria Frontera, milonga/candombe cujos versos autobiográficos lembram a história do garoto de Uruguaiana que sorvia a cultura platina graças à avó correntina e a uns tios uruguaios. Por isso, o texto e a pronúncia do espanhol são praticamente perfeitos. Cito Frontera, e há também uma zamba, mas no mais o álbum é pop mesmo. E ele está cantando muito.

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"Atemporal": Independente, R$ 30 mais frete, pedidos [email protected]

Rojas tocou como convidado de Mercedes Sosa em 1987 e em 1995, e dividiu o palco com Fito Páez em 2003. É de Fito sua maior influência em Atemporal – pouco ou nada se ouve da sonoridade que apresentava nos tempos dos festivais nativistas. No novo disco, assina todos os ótimos arranjos e toca todos os violões, ao lado de um afiado grupo de instrumentistas, entre outros os habituais parceiros Rafa Schuller (guitarra), Sandro Berneira (baixo), Diogo Barcelos (piano) e Xandy Olly, mais músicos argentinos amigos. Cordas e metais sublinham a maioria dos arranjos. Em meio ao predomínio de histórias de amor, duas músicas se destacam pelo tom candente, Hay Algo Mal Allí e Reflexión.

Antena

MAGRA DO BONFA, de JH O Comendador

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"Magra do Bonfa": Independente, R$ 22 pelo e-mail [email protected]

Jottagá (de Jorge Hugo) ganhou notoriedade em Porto Alegre a partir de 1985, com os shows e discos (10!) da banda Froide Explica. Marca: rock e humor. Neste novo álbum, atuando com músicos como Veco Marques e Jorge Vargas nos violões, Chico Merg na guitarra e Chico Ferretti nos teclados, ele adota o título de Comendador para andar por uma cidade quase estranha. Diz a letra de Salve a Redenção: “Hoje cadê Porto Alegre?/ Não reconheço mais não”. Em Meu Nome É, recorda personagens do rock gaúcho, de Almôndegas a Frank Jorge, Nei Lisboa, Replicantes, Engenheiros. E por aí vai, em rocks de efeito instantâneo. Bem cantado e tocado, satírico, crítico, divertido, nostálgico, um disco meio à margem.

SABER DIZER, de Uilson Paiva

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"Saber Dizer": Independente, R$ 25 em uilsonpaivamusico.com.br

Nos anos 1990, Uilson Paiva tocou em bandas cover de Pelotas e Porto Alegre. Mas se dedicaria ao jornalismo, trabalhando em Zero Hora e na imprensa paulista. Atualmente vive em Telêmaco Borba (PR). Hoje com 48 anos, diz que suas canções, compostas ao longo do tempo, ficaram presas em um “armário musical”, do qual agora foram enfim libertadas com a gravação do disco Saber Dizer, “a trilha sonora de minha vida”. Bem produzido por Juninho Betim, com músicos competentes e bons backing vocals, é um trabalho eclético – começa com funk/soul ao espírito da banda Black Rio, a por blues, rock, milonga, country, e termina com samba-canção. As boas letras falam em geral de relações amorosas. Parabéns, Uilson.

BONANÇA, da Esquimós

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"Bonança": Escápula Records, ProCultura de Pelotas, R$ 25 no Facebook da banda

Hoje um duo com Joaquim Mota (guitarra, baixo, voz) e César Goulart (bateria), na gravação deste segundo álbum (o primeiro é de 2015) ainda estava na banda o guitarrista Matheus Costa. Formada em Pelotas, a Esquimós faz o pop dos anos 2020, sonzaço orgânico, viajante e onírico, meio experimental, com influências atribuídas a Bon Iver e Frank Ocean, mas no qual estereossauros como eu acham referências a Pink Floyd ou Radiohead. Tem letras como a de Fim do Mundo: “Com a consciência pesando bem no centro do meu ego/ Todos os meus demônios gritam/ Não me deixam escutar mais a razão”. Pop rock bem tocado e cantado, feito com segurança técnica. 


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