Envolver as crianças nos afazeres domésticos é uma excelente oportunidade de aprendizado
A solução costuma envolver a busca de uma pessoa – um parente ou um profissional – para ficar com os pequenos em casa, ou mandá-los durante parte do tempo para uma colônia de férias ou estabelecimento que ofereça atividades de turno integral. O importante, conforme psicólogos e educadores, é que a criança seja mantida em um ambiente seguro e motivada a realizar atividades diversificadas.
O ideal é que os filhos não fiquem exclusivamente sujeitos ao fascínio exercido pelos equipamentos eletrônicos como celulares, tablets ou consoles de videogame, mas sejam estimulados a se dividir entre brincadeiras, leituras e ações criativas e outras opções. Assim, não deixam de se divertir e ainda se mantêm preparados para retomar os estudos a partir de fevereiro.
– É muito importante oferecer atividades lúdicas, mas também com viés pedagógico. As férias de verão são um momento para desopilar, curtir, mas os pais devem incluir alguma rotina de estudo, de leitura. Ficar um longo tempo sem qualquer contato com uma atividade mais educativa é ruim porque, ao retomar as aulas de forma abrupta, a criança pode ficar um pouco estressada – observa a orientadora educacional Denise Arina Francisco, mestre em Educação e professora do curso de Pedagogia da Feevale.
Ler um livro, assistir a um filme ou a uma peça de teatro, segundo Denise, já ajuda a manter a mente acesa durante as férias. Ainda melhor é combinar esses programas com algum tipo de atividade física regular – e, de preferência, ao ar livre. A especialistas afirma que há cada vez mais estabelecimentos dispostos a auxiliar os pais nesse desafio, com preços que variam conforme o local, o tipo de serviço e a duração do acolhimento.
– Hoje em dia há muitas colônias de férias, clubes e escolas que oferecem atividades no verão justamente para atender a essa demanda das famílias – diz Denise.
A psicopedagoga e orientadora educacional Eliane Dutra da Silva acrescenta que há diversas escolas regulares que, durante as férias, aram a manter atividades extraclasse.
– Muitas instituições já perceberam que há um público a ser atendido durante o verão e aram a oferecer serviços que vão desde o cultivo de hortas até oficinas de teatro. Não precisa ser aluno regular da escola para participar. O importante é saber bem que tipo de atividade será oferecida, até para avaliar se está de acordo com o preço cobrado – observa Eliane.
Denise inclui outro ponto a ser observado pelos pais: as próprias crianças devem ser convidadas a participar do planejamento das férias de verão:
– Não precisa ser nada imposto. Os filhos devem ser convidados a participar, dizer que tipo de atividade preferem realizar. Fica muito melhor.
Muitas vezes, a solução para ocupar os pequenos estudantes durante o verão é uma combinação de ajustes nas escalas de férias dos pais, ajuda de parentes próximos e o auxílio de serviços especializados como colônia de férias. Essa foi a fórmula encontrada pela família de Catarina Fontana, seis anos, para lidar com o período de transição da menina da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
Até então, a escolinha onde ela estudava funcionava durante o verão, o que facilitava a vida da família. Enquanto outros pais e mães corriam para ter onde deixar os filhos, eles se preocupavam apenas com o destino da viagem de férias. Agora, com o adeus à Educação Infantil, enfrentaram o mesmo dilema de outras famílias. Não encontraram uma saída única, mas uma combinação intrincada de ajustes de férias, apoio de parentes e de uma colônia de férias que funciona em um espaço educativo onde se realizam brincadeiras e oficinas.
– Para tudo dar certo, tivemos de planejar com cuidado e bastante antecedência – conta Clarissa Americano do Brasil, 30 anos, gerente de marketing e mãe de Catarina.
As férias dela e do marido, o empresário Thomas Fontana, 37 anos, foram organizadas em conjunto com as da avó, que ficará com a neta durante parte do veraneio na praia. Em outro período, a menina ficará com o pais e, nas semanas restantes, no espaço Casa do Bem, em Porto Alegre, que já frequentou algumas vezes no contraturno da escolinha. Lá, deverá ar horas brincando e participando de oficinas envolvendo teatro e ioga, entre outras opções. A família ainda estuda se, para diversificar ainda mais as atividades, a menina também ará alguns dias em uma outra colônia de férias de um clube da Capital.
– Conseguimos tirar 15 dias de férias com toda a família junta. Como hoje em dia é difícil conciliar longos períodos com todo mundo, acaba sendo necessário buscar outras saídas – diz Clarissa.
O assessor de desembargador Milton Padilha Júnior e a mulher, a psicóloga Cláudia Sanini, ambos de 46 anos, depararam com um problema inédito quando o filho Afonso Sanini Padilha ingressou no Ensino Fundamental, três anos atrás, em Porto Alegre. Como todos os parentes da família vivem em Carazinho, distante 270 quilômetros da Capital, e não há como os pais tirarem férias durante todo o recesso escolar, precisavam descobrir o que fazer com o menino durante o verão.
A saída, que será colocada em prática mais uma vez este ano, é recorrer a um espaço lúdico onde o menino, hoje com nove anos, pode ficar durante o dia.
– Como não temos família na Capital, temos de ter tudo muito estruturado. Tanto para as férias de julho quanto para o verão. Como o Afonso se queixou de que queria mais tempo para brincar quando entrou no primeiro ano, optamos por um lugar em que há muitas atividades e temos flexibilidade de horário – conta Cláudia.
Nestas férias, o menino deverá ficar no espaço Cuidado que Mancha, apresentado como uma mistura de brinquedoteca e escola de artes, por algumas semanas em dezembro e em janeiro. Depois disso, no final de janeiro, pai, mãe e filho conseguirão tirar duas semanas para ficar juntos.
Cláudia observa que, além de atender ao anseio da família por atividades lúdicas e flexibilidade de horário, a solução encontrada permite ao menino – que é filho único – conviver e interagir com crianças de outras idades. Por isso, deverá continuar sendo a opção preferencial da família nos meses em que as escolas convencionais fecham as portas.