Isadora Neumann / Agencia RBS
Ao descobrir, por acaso, que a filha, Brenda, gostava de se relacionar com meninas, Flávia do Evangelho recorreu à religião. Hoje, as duas são grandes amigas


Expectativa x Realidade 

Os especialistas reconhecem que ainda há barreiras a serem derrubadas, como a ideia de que o filho precisa assumir perante os familiares seus relacionamentos afetivos e sexuais. Na casa de Brenda, essa conversa jamais ocorreu. Aos 15 anos, depois de incontáveis brigas com os pais, ela apresentou à família a primeira namorada. Com Gabriel, o assunto é tabu inclusive com o próprio namorado, de 30 anos, com quem está desde 2017. 

A psicóloga e psicanalista Luciana Balestrin Redivo Drehmer, uma das coordenadoras do Laboratório de Sexualidade, Gênero e Psicanálise do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia da PUCRS, entende que a construção da identidade de gênero e da orientação sexual é um complexo processo psíquico e deve ser acompanhado pelas pessoas mais próximas. Dessa forma, ao mesmo tempo em que as questões vão surgindo na criança e no adolescente, podem ser percebidas e reconhecidas pelos cuidadores.

Jane concorda com a colega e frisa não entender por que a pessoa precisa confessar o fato de ser homossexual, por exemplo:

— A gente vive numa sociedade que entende a heterossexualidade como compulsória. Em nenhum momento da nossa vida a gente precisa chegar para a família e confessar "Olha aqui, pai, mãe, eu sou heterossexual". Agora, se ela quiser compartilhar isso (a homossexualidade) com a família, falando abertamente, cabe à família apoiar, entender e dar todo amor e proteção possível. 

Para Luciana, os pais depositam suas próprias expectativas nos filhos e desejam um destino a eles. Mas acabam se frustrando quando isso não ocorre como o planejado. Assim, a identificação de um possível gênero ou orientação sexual da criança pode despertar fantasmas.

Angelo Brandelli Costa afirma ser evidente a pressão social para que se cumpram determinados roteiros:

— Muitos pais acolhem essas expectativas e desejam que seus filhos as cumpram com receio de sofrerem eles mesmos preconceitos. Os pais precisam entender a autonomia do desejo dos seus filhos, no campo das profissões, da sexualidade, entre outros.

Camila Cunha / PUCRS
PUCRS oferece atendimento semanal em laboratório especializado

Salas de acolhimento em Porto Alegre

A PUCRS oferece todas as quartas-feiras, às 16h, em Porto Alegre, um laboratório especializado para indivíduos que possuam algum tipo de sofrimento psíquico por conta de sua sexualidade. O objetivo é oferecer apoio psicológico e acolhimento gratuito à comunidade LGBT+. 

Desde o início de agosto,  Porto Alegre conta com ambulatório para atendimento de saúde integral para o público LGBT+. As consultas são realizadas no Centro de Saúde Modelo, no bairro Santana, nas quartas-feiras, das 17h30min às 21h30min. O agendamento é feito pelo WhatsApp somente para moradores da Capital. 


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