+Como foi o dia em que a ponte móvel fechou para gravações de "O Homem Que Copiava"
Um dos pontos mais marcantes de O Homem Que Copiava é o Cais Mauá. É por lá que André e Silvia (Leandra) fazem confidências, juras de amor e, finalmente, beijam-se. No local em que o beijo ocorre pouca coisa mudou, mas é possível ver algumas diferenças. Agora, menos navios estão por lá.
Dentro do Cais Mauá, que segue no meio de um imbróglio para a sua revitalização, a praça Edgar Schneider já não recebe mais visitas e, atualmente, o mato alto dificulta o o. Porém, foi ali que, duas décadas atrás, André e Silvia protagonizaram uma das cenas mais interessantes de O Homem Que Copiava — inclusive, a imagem deles sentados aos pés da escultura As Moças da Fonte, do alemão radicado em Porto Alegre Alfred Hubert Adloff, foi utilizada para ilustrar o cartaz da produção. Hoje, as estátuas estão deterioradas, escondidas atrás do muro da Mauá, rodeadas por árvores que já apresentam marcas do tempo.
O local em que a personagem Silvia trabalhava se chamava, coincidentemente, Silvia. A loja de moda feminina, porém, existia com outro nome: Casa Elsa. A direção de arte, inclusive, teve de mexer na estrutura da fachada, mudando o letreiro para o nome idealizado para o filme.
Hoje em dia, a mesma família segue dona do local, mas ele mudou de nome também, após uma reforma, pouco depois das filmagens do longa. Agora, a loja se chama Tásken. O endereço é o mesmo, bem na esquina da Avenida Venâncio Aires com a Rua General Lima e Silva, na Cidade Baixa.
Cláudio Negreiros de Souza, que trabalha como porteiro da empresa há 24 anos, recorda que fecharam a loja por cerca de uma semana e diz que deu bastante bagunça, mas que foi divertido acompanhar as filmagens.
— Volta e meia, estou ali na frente e o pessoal a e pergunta: "Aqui que foi gravado O Homem Que Copiava, né?". E eu respondo: "Foi aqui mesmo". Ainda tem bastante comentário sobre o filme. E o chambre que o Lázaro compra ficou por anos guardado aqui na loja. Depois, foi vendido (risos) — recorda Souza.
A mesa número 4 do restaurante e lancheria Guga's tem um porta-retratos com um frame de O Homem Que Copiava, em que aparece André e Silvia sentados no local, em cena gravada ali. O proprietário, Gilberto Costantin, que tem orgulho do seu estabelecimento ter servido de locação para o filme, lamenta que todos as fotos que fez com sua máquina analógica não puderam ser reveladas.
— Dizem que os atores usavam uma coisa nas roupas para queimar as fotos. Não sei se é verdade — confabula.
Mas existem bons registros do filme no local. Inclusive, ele próprio aparece de relance em algumas cenas, entregando lanches no balcão. E fica todo feliz quando relembra que o longa chegou a ser exibido nos Estados Unidos — o que o coloca como uma estrela internacional, não é? Costantin recorda que todo o segundo andar do estabelecimento se tornou camarim para os artistas, que se trocavam e tiravam um cochilo entre uma cena e outra, durante os três dias que o espaço foi alugado pela equipe.
Localizado na Avenida Protásio Alves, 154, no bairro Rio Branco, o Guga's em si não mudou muito desde a época de gravação do filme. Apesar de não receber clientes no balcão, o bar mantém o mesmo clima de 20 anos atrás, além de servir um cardápio digno, com uma a la minuta de primeira — a reportagem provou, é claro, e entendeu o motivo da escolha do espaço.
— E o pessoal reconhece ainda hoje que aqui foi gravado o filme. Reconhece mais hoje do que lá atrás, na verdade — diz Costantin, que é dono do local há 27 anos.