
Pacatas, com não mais que 3,4 mil habitantes e média salarial maior que dois salários-mínimos: esses são alguns dos pontos em comum entre os três municípios do norte gaúcho que figuram no top 10 das cidades do RS com melhor qualidade de vida. O resultado foi alcançado por Novo Xingu, Jacutinga e Nova Boa Vista dentro do Índice de Progresso Social (IPS Brasil).
O estudo do Instituto Imazon mede e classifica a qualidade de vida nas 5.570 cidades brasileiras a partir de 57 indicadores separados em três grandes grupos. Necessidades Humanas Básicas classifica o o à comida, saúde, moradia e segurança; Fundamentos do Bem-Estar analisa o o ao Ensino Fundamental, vida saudável e contato com a natureza; e Oportunidades avalia o respeito a direitos individuais e o ao Ensino Superior.
Com a pontuação de 67,64, o município de Novo Xingu conquistou o primeiro lugar na região e o quarto no Rio Grande do Sul (veja no gráfico abaixo). Na cidade de pouco mais de 1,6 mil habitantes, o título de "cidade boa de se viver" é motivo de orgulho.
— Somos uma cidade bem pequena, é verdade, à exemplo da imensa maioria no Rio Grande do Sul e de vários estados do Brasil. Mas para a questão da qualidade de vida, é uma cidade onde as pessoas se conhecem, uma comunidade trabalhadora, comprometida e ordeira — avalia o prefeito Gélcio Martinelli (PDT).
O gestor também enfatiza o trabalho desenvolvido nos pontos em que Novo Xingu foi destaque, como segurança, saúde, conectividade e geração de renda:
— Na educação, já há dois anos tem turno integral nas escolas da rede municipal. Na comunicação, por exemplo, colocamos internet com fibra óptica em todos os cantos do município, até no interior. Na saúde, temos sido bem classificados nas análises do Ministério da Saúde.
No índice nacional, Novo Xingu ocupa a posição 86 entre os mais de 5,5 mil municípios do Brasil. Em relação aos macroindicadores da prosperidade, Novo Xingu atingiu 88,28 pontos em Necessidades Humanas Básicas, 67,76 pontos em Fundamentos do Bem-Estar e 46,87 pontos em Oportunidades.
Com uma economia baseada na agricultura, especialmente a suinocultura e produção leiteira, os indicadores da prosperidade também têm feito com que os jovens permaneçam no município e sigam nos negócios das famílias.
— Deu um salto a produção nos últimos anos e isso só foi possível porque os jovens estão ficando, mais do que a algum tempo atrás. O êxodo rural está menor em função da qualidade de vida, e existem até pessoas retornando — conta o prefeito.
Também do norte gaúcho, Jacutinga ficou com o sexto lugar no Estado e 89º no Brasil. Ela é seguida de perto por Nova Boa Vista, em sétimo no ranking estadual e 90º no nacional — a diferença na pontuação das duas cidades foi de apenas 0,01 ponto.
No caso de Nova Boa Vista, o fator segurança pode ser um dos diferenciais. A cidade se destaca por ser um dos 15 municípios gaúchos que não registraram homicídios, latrocínios e feminicídios desde 2002, como mostrou a reportagem de maio da Zero Hora.
Contudo, mesmo com boas avaliações, o objetivo agora é trabalhar nos pontos em que os municípios ainda podem melhorar. No caso de Novo Xingu, esgoto e arborização estão na lista de prioridades.
— Um dos pontos que nós estamos em vermelho é o esgotamento sanitário adequado. Está no radar fazer um projeto técnico da rede de coleta de esgoto, já que hoje não tem. Outra situação são as áreas verdes urbanas, um projeto de arborização da nossa pequena cidade. A questão da mata ciliar em que temos um trabalho importante que envolve a coleta de lixo — analisa Martinelli.
Em Novo Xingu, o Índice de Progresso Social é visto como um conjunto de ações que podem transformar a qualidade de vida. Mas para isso, a população também precisa fazer a sua parte.
— Em um município pequeno, a gente consegue enxergar melhor tanto as nossas virtudes, como aquilo que temos de deficiência e precisamos melhorar. Tomara que continue assim e que a gente tenha esse rótulo de uma cidade boa de se viver — finaliza o prefeito.
o Fundo em destaque entre as grandes cidades

Não foram apenas as cidades pequenas que tiveram bom desempenho no Índice de Progresso Social: com as maiores populações da Região Norte, o Fundo e Erechim figuram em destaque entre os municípios com mais de 100 mil habitantes.
Das 19 grandes cidades do Rio Grande do Sul, o Fundo somou 65,56 pontos e ficou em segundo lugar, atrás apenas da capital Porto Alegre. Erechim, por sua vez, ficou com o quarto lugar ao atingir 64,91 pontos.
Na análise dos 497 municípios do RS, o Fundo ficou no 33° lugar e Erechim no 56º. Já entre todas as cidades do Brasil, o Fundo está na posição 346, enquanto Erechim ficou na posição 489.
Pior qualidade de vida
No lado oposto do estudo, quatro cidades do norte do RS estão na lista daquelas com menor qualidade de vida no Estado e no Brasil. São José do Herval, Charrua, Cacique Doble e Gramado dos Loureiros estão entre as 15 piores colocadas do Rio Grande do Sul e nas 600 com menor desempenho a nível nacional.
Gramado dos Loureiros teve a menor nota entre as 128 cidades da região analisadas no levantamento de GZH o Fundo: somou 50,92 pontos na avaliação dos indicadores, que vai até cem. A cidade ocupa a posição 493 no ranking do RS e 5.293 no Brasil.
O resultado é uma média dos três macroindicadores do IPS Brasil. Em Necessidades Humanas Básicas, por exemplo, Gramado dos Loureiros fez 61,32 pontos, enquanto em Fundamentos do Bem-Estar sua pontuação foi de 51,91 e de apenas 39,51 pontos em Oportunidades.
O desempenho da cidade foi considerado fraco em pontos como vacinação contra a poliomielite, mortalidade infantil, rede de esgoto, feminicídios, evasão escolar, o à internet, obesidade, o à direito humanos, cultura, lazer e esporte, entre outros.