O ano de 2021 encerrou com a geração de 7.969 vagas de emprego em Caxias do Sul. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (31) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (21). É o maior número de postos criados desde 2010, conforme levantamento feito pela reportagem a partir de boletins emitidos pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), também baseados no Caged.
Menos de dois anos após o início da pandemia, o município já conseguiu recuperar com o folga a quantidade de empregos perdida durante 2020, quando foram fechadas 4.844 vagas. A tendência já vinha muito clara, porque de janeiro a novembro, a cidade mais gerou do que fechou postos de trabalho. No entanto, em dezembro, no último mês de 2021, foram fechados 1.822 postos de trabalho, com todos os setores colaborando com saldos negativos. No entanto, na comparação com 2010, é importante considerar que o contexto social e econômico era diferente da atual conjuntura.
Há 11 anos, Caxias tinha um estoque de 171.472 empregados. Ou seja, era esse o número de pessoas com carteira de trabalho assinada no município. Atualmente, são 153.142. Depois de um ápice em 2012 e 2013, com mais de 179 mil empregos formais, Caxias começou um processo de redução na empregabilidade, por causa da crise político-econômica dos anos seguintes. Com o avanço do coronavírus no mundo, a partir de 2020, a cidade chegou a ter pouco mais de 145 mil empregados formalmente, um patamar inferior a 2007.
Vagas repostas
Com a abertura de vagas em 2021, Caxias conseguiu repor todos os empregos perdidos em 2020, quando foram fechadas 4.844 vagas. A tendência já vinha muito clara, porque de janeiro a novembro, a cidade mais gerou do que fechou postos de trabalho. No entanto, em dezembro, no último mês de 2021, foram fechados 1.822 postos de trabalho, com todos os setores colaborando com saldos negativos.
O economista Mosár Leandro Ness afirma que as demissões em dezembro fazem parte de um cenário bem conhecido. Segundo ele, tradicionalmente existe um ajuste em diferentes setores neste período do ano. Porém, em relação ao ano ado, ele ressalta que outros aspectos pesaram para o fechamento de vagas. Entre eles, a própria estiagem no Rio Grande do Sul, já que o agronegócio é a base da economia gaúcha. O professor da UCS diz ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho não deverá crescer em 2021. Outro ponto, segundo ele, tem a ver com o cenário político de incerteza quanto às eleições presidenciais.
Aliás, esse é um aspecto que deve impactar a economia e, consequentemente, a geração de vagas de trabalho também em 2022. A depender do que mostrarem as pesquisas de intenção de votos, o mercado tende a ficar se revelar mais ou menos confiante. O economista pontua ainda que a expectativa agora é pela divulgação do PIB nacional em 2021.
— É a partir daí que o empresariado vai tomar decisões. Eu acho que vamos caminhar de lado os próximos meses (janeiro, fevereiro, março), num como de espera para fazer uma leitura do cenário em si.
O comportamento em relação às contratações no RS deve ter ainda outro componente neste ano. Ness explica que é esperado um fortalecimento do dólar, o que vai fazer o preço de commodities importantes para a exportação no RS, como soja e carne, perderem valor em relação ao ano ado. Isso, portanto, também pode influenciar negativamente o agronegócio e, portanto, no cenário econômico gaúcho.
Dados do Caged - Caxias do Sul
Vagas por setor em 2021
A seguir, dados fechados de 2021, por setor da economia caxiense. Note que todos os setores tiveram resultado de saldo positivo. No geral, Caxias criou 7.969 novas vagas no ano ado.
Indústria: 4.595
Serviços: 1.791
Agropecuária: 1.691
Comércio: 1.259
Construção: 159
Vagas por setor em dezembro de 2021
O resultado de dezembro de 2021 revela queda em todos os setores em Caxias do Sul, com saldo negativo de mais demissões do que issões.
Indústria: -966
Serviços: - 473
Agropecuária: - 133
Comércio: -188
Construção: - 64
Estoque de empregos
Abaixo, número total de trabalhadores, registrados com carteira assinada, em Caxias do Sul, entre 2010 e 2021. Em 2012 haviam quase 180 mil empregos formais. Em 2020, ano em que eclodiu a pandemia foi registrado o pior resultado desta série, com pouco mais de 145 mil vagas. No ano ado, o resultado praticamente igualou o número de vagas de 2017.
2010: 171.472
2011: 178.253
2012: 179.868
2013: 179.794
2014: 178.384
2015: 164.610
2016: 155.769
2017: 153.730
2018: 157.341
2019: 150.662
2020: 145.173
2021: 153.142
Fontes: Desempenho Econômico, divulgado pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) referente a outubro de 2021, e Caged divulgado em 31 de janeiro de 2022.
Geração de vagas por ano:
2010: 13.763
2011: 7.482
2012: 979
2013: 3.240
2014: -3.442
2015: -14.171
2016: -7.037
2017: -576
2018: 5.132
2019: 100
2020: - 4.844
2021: 7.969
Fontes: Cartas do Mercado Formal, elaboradas pelo Observatório do Trabalho de 2010 a 2019, e dados do Caged de 2020 e 2021.
