
Julia Ferreira (*)
A longevidade deixou de ser apenas reflexo da expectativa de vida crescente e tornou-se um dos campos mais dinâmicos da inovação. Avanços em inteligência artificial, biotecnologia e engenharia genética não apenas prolongam a vida, mas elevam sua qualidade. O envelhecimento saudável hoje considera bem-estar mental, regeneração celular e tratamentos personalizados, mas também impõe desafios éticos, sociais e estruturais aos sistemas de saúde e previdência.
No SXSW 2025, o maior evento global de criatividade, inovação e tecnologia, realizado em março em Austin, no Texas (EUA), os debates reforçaram a intersecção entre tecnologia, saúde e longevidade.
Tecnologias emergentes
A inteligência artificial está revolucionando diagnósticos e tratamentos personalizados. Dispositivos vestíveis e plataformas digitais colocam o paciente no centro do cuidado, permitindo o monitoramento constante da saúde. A biotecnologia avança com organoides, terapias regenerativas e tratamentos metabólicos que, há poucos anos, pareciam ficção científica.
Tecnologias emergentes como realidade virtual (VR) e psicodélicos estão sendo testadas para tratar transtornos mentais resistentes. A palestra de Kasley Killam, especialista em conexão social, destacou que longevidade não é só viver mais, mas viver melhor, com qualidade nas relações humanas. A Chan Zuckerberg Initiative apresentou modelos digitais de células que aceleram pesquisas e ampliam a precisão de tratamentos. No entanto, especialistas alertaram para riscos como viés algorítmico e desigualdade de o.
A Glidance, startup destaque no SXSW Pitch, desenvolveu um auxílio de mobilidade inteligente para cegos, ilustrando como a IA pode impulsionar a inclusão.
O empresário Bryan Johnson compartilhou que teria conseguido "gerenciar" sua idade biológica. Ele utiliza diariamente diversos dispositivos e sensores para coletar dados sobre seu corpo, como peso, índice de massa corporal e níveis de glicose. Esses dados são analisados por sistemas de inteligência artificial, que identificam padrões e tendências, permitindo ajustes contínuos no chamado "protocolo Blueprint". Assim, Johnson conseguiu reduzir os sinais fisiológicos de envelhecimento, mesmo que sua idade cronológica (a que é contada em anos) continue a avançar.
Já dispositivos como o Bia Sleep, que melhora o sono profundo, mostram o potencial da tecnologia para o bem-estar — desde que clinicamente validados. A telemedicina ganhou força, empoderando pacientes e democratizando o o à saúde. Outro tema em alta foram os medicamentos à base de GLP-1, como a semaglutida, que prometem revolucionar o tratamento da obesidade e saúde metabólica.
Pesquisadores de Stanford apresentaram estudos sobre o papel das células-tronco na prevenção de doenças do envelhecimento. O estresse crônico acelera a deterioração celular, tornando seu controle essencial. A realidade virtual vem sendo aplicada na reabilitação psicológica e no combate ao isolamento social em idosos.
E os psicodélicos, com e psicológico adequado, se mostram promissores para transtornos como depressão resistente e estresse pós-traumático.
Essa revolução exige confiança entre pacientes, profissionais e sistemas tecnológicos, além de políticas públicas e iniciativas privadas que assegurem o equitativo a inovações.
Tratamentos personalizados
O futuro da medicina aponta para tratamentos cada vez mais personalizados, com integração de dados genéticos, biomarcadores e dispositivos inteligentes. Isso permitirá prevenir doenças antes que se manifestem, ampliando a expectativa de vida saudável.
O SXSW 2025 mostrou que o futuro da saúde será preventivo, personalizado e participativo. A medicina deixa de tratar apenas doenças para transformar toda a experiência do cuidado. Essa revolução exige confiança entre pacientes, profissionais e sistemas tecnológicos, além de políticas públicas e iniciativas privadas que assegurem o equitativo a inovações. Longevidade, agora, é questão de qualidade de vida e de o a uma saúde verdadeiramente transformadora.
Mais do que uma tendência, a longevidade tornou-se uma pauta urgente em saúde pública e inovação. Com a convergência entre ciência, tecnologia e humanização, o desafio está em garantir que os avanços não apenas prolonguem a vida, mas promovam inclusão, bem-estar e propósito ao longo dos anos.
(*) Head de Estratégia de Mercado na Quanta Previdência