
Conferir as imagens integrantes dos álbuns Obras do Estado Novo – Caxias – Alguns Flagrantes da Urbanização e Saneamento, produzidos durante a gestão do prefeito Dante Marcucci (1935-1947) é deparar com registros de ruas e logradouros públicos que causam impacto até hoje, tamanha a uniformidade e o acabamento da pavimentação.
A opção de Marcucci pelos paralelepípedos muito provavelmente dialogou com as orientações de seu engenheiro de obras, senhor José Ariodante Mattana (1907-2000) - que já encontrava à frente dos serviços públicos municipais e bastante familiarizado com a realidade do município (leia abaixo).
Um recorte desse período de ampla modernização viária foi destacado pelo autor Roberto Filippini no livro O Outro Lado da Júlio - Histórias e Memórias de uma Avenida, lançado em 2020.
“No conjunto das obras de pavimentação com paralelepípedos, os editais assinados da Prefeitura Municipal tiveram um papel importante, pois revelaram a qualidade dos serviços exigidos na concorrência pública. Uma das preocupações era oferecer o máximo de informação técnica para a execução das obras, observando detalhes que deveriam respeitar rigorosamente normas específicas”.

A melhor pavimentação
Conforme destacado por Filippini no livro, as exigências variavam desde o procedimento técnico no assentamento dos paralelepípedos, dos cordões e das sarjetas, adoção rigorosa quanto às dimensões das pedras e da altura das camadas de brita até o procedimento no transporte e limpeza do canteiro de obras.
O cuidado nesses aspectos comprovou, posteriormente, a qualidade final dos serviços do calçamento. Tanto que essa pavimentação, segundo Filippini, foi considerada uma das melhores pavimentações de paralelepípedos do Estado - conforme demonstram as fotos comparativas acima, da esquina da Av. Júlio de Castilhos com a Garibaldi.
“Tal característica de excepcionalidade do empreendimento foi qualidade de um profissional que detinha um bom nível de conhecimento e previsibilidade quanto aos resultados de sua área de atuação: o diretor engenheiro José Ariodante Mattana, que, na história caxiense, até hoje é lembrado pelos grandes serviços prestados. Os atributos variavam tanto na concepção quanto na escolha do material, incluindo aspectos de fiscalização de obras”.

Atuação em várias frentes
Ex-presidente do Simecs e ex-acionista da Indústria Metalúrgica Gazola, José Ariodante Mattana teve atuação fundamental no desenvolvimento de Caxias na primeira metade do século 20. Na istração municipal, onde atuou de 1929 a 1946, integrou as equipes dos prefeitos Thomaz Beltrão de Queiroz (1928 a 1930), Miguel Muratore (1930 a 1934) e Dante Marcucci (1935 a 1947).
Entre outras ações, Mattana coordenou o projeto da Praça da Bandeira, em 1935, e supervisionou as diversas fases de construção e remodelação da Praça Dante Alighieri, cujo maior impulso deu-se em 1942.
Na foto acima, vemos José Ariodante Mattana (ao centro) e os engenheiros Nelson Góes e José Sayão defronte ao busto de Dante Alighieri, em 1938. Ao fundo, vê-se o estabelecimento comercial Casa Minghelli, que, após pegar fogo em 1952, cedeu espaço ao Edifício Minghelli, na esquina da Sinimbu com a Marquês do Herval.
José Ariodante Mattana faleceu em 2000, aos 93 anos.
Os álbuns
Conforme o historiador Mario Tomazoni, autor da dissertação Álbuns da cidade de Caxias (1935-1947): As reformas urbanas fotografadas, a análise dessas imagens vai além da envergadura daqueles empreendimentos. Dá e, também, para “legitimar o processo de modernização protagonizado pela istração daquela década” (1940). Os dois álbuns e o conjunto completo de fotografias pode ser ado neste endereço.
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"Tartarugas" na Rua Sinimbu em 1964
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Rua Do Guia Lopes no Boletim Eberle em 1958
O morro das madressilvas, na Av. Júlio, em 1947
Mercadinho do Povo na Av. Júlio em 1947
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