Pequenas mudanças podem provocar grande efeito

Quando o sono não vai bem, as crianças dão sinais. No começo, eles podem ser menos perceptíveis, como esfregar os olhos com frequência, perder o interesse pelas pessoas e brincadeiras, bocejar demais, pedir mais colo para a mãe e o pai, chorar mais do que o normal. Conforme as noites maldormidas vão se tornando comuns, os efeitos também ficam mais claros: os pequenos alimentam-se mal, ganham pouco peso ou crescem menos do que o previsto, tendem a explosões emocionais, não conseguindo se acalmar facilmente, e demonstram agitação e hiperatividade, principalmente ao final do dia.

Dormir pouco e mal nos primeiros anos de vida pode esconder problemas de saúde, como apneia do sono, ou intensificar os efeitos de doenças como a asma, por exemplo. Mas, em geral, a questão pode ser resolvida com pequenas mudanças — capazes de fazer grande efeito nas noites de toda a família.

— O sono dos pais também é prejudicado pelo mau sono dos filhos. E não só no caso dos recém-nascidos. Quando precisam acordar muitas vezes durante a noite, preocupados com as crianças, eles também terão queixas durante o dia. Além disso, o sono fragmentado causa maior probabilidade de hipertensão, diabetes, infarto — enumera o pneumologista Tiago Simon.

Um estudo realizado pela Universidade de Warwick, do Reino Unido, publicado pelo periódico Sleep em janeiro, mostra que o sono dos pais é uma das áreas mais afetadas. De acordo com dados coletados de quase 4,7 mil pais, acompanhados por oito anos, o sono do casal é de má qualidade até que a criança complete seis anos.

E quando é hora de procurar ajuda especializada? Para os médicos, uma noite maldormida na semana, por exemplo, não chega a ser preocupante. Mas se isso se torna rotineiro e afeta o dia a dia das crianças e dos pais, é recomendável mencionar o problema para o pediatra, que poderá indicar uma solução.

"Nós éramos zumbis", diz Mariana

Omar Freitas / Agencia RBS
A dentista Mariana com as filhas Clara (E) e Manuela

Quando Clara, hoje com seis anos, nasceu, a dentista Mariana Póvoa viu em poucos meses que não era tão fácil para a filha pegar no sono. A pequena, mesmo agora, não consegue simplesmente deitar na cama e dormir. E quando a casa ficou mais cheia, com a chegada da caçula Manuela, agora com um ano e cinco meses, a mãe decidiu que era hora de mudar.

Com a ajuda de uma consultora de sono, ela e o marido, o bacharel em informática Rodrigo Figueira, resolveram promover algumas mudanças na rotina da família. Nos primeiros meses, Manu só conseguia dormir quando estava com os pais, quando era embalada por eles ou quando ouvia alguma cantiga.

— Nós éramos zumbis. Ela acordava com muita frequência, e assim não conseguíamos dormir. Fizemos um condicionamento para ela aprender a dormir sozinha. E o que aprendemos acabou ajudando também a Clara e a nós mesmos — diz Mariana.

A adaptação, garantem os pais, foi muito tranquila. Eles aram a deixar o bico perto do berço, ao alcance de Manu, definiram horários mais claros em casa e tornaram o ambiente de sono das crianças, em geral, mais agradável. Quanto aos resultados, só elogios: família toda dormindo melhor e acordando mais disposta para as atividades do dia a dia.

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